Maria de Belém lembrou hoje que “a capacidade para fazer uma vacina, existe em várias estruturas de saúde e deve ser feita dentro dos procedimentos de segurança e de qualidade exigidos”.
Entrevistada pelo Canal S+, a ex-ministra da saúde recordou ainda que “o país não abunda em recursos” e se houve algum problema entre a cúpula da Associação Nacional de Farmácias (ANF) e o Ministério da Saúde (MS) durante a vacinação da gripe, então, “deve identificar-se o problema e procurar resolvê-lo”, afirma a antiga governante.
O coordenador da task-force de vacinação contra a COVID-19 prestou esclarecimentos, esta tarde, a pedido do PSD, numa audição conjunta da Comissão de Saúde e da Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia, onde afirmou que “gostaria muito de considerar as farmácias” para a vacinação da COVID-19, mas “A forma como foi gerido o processo da gripe não correu bem e quero reafirmar que as farmácias foram vítimas também de uma deficiente organização. A minha avaliação é que a responsabilidade desse insucesso é da maior associação representativa das farmácias (Associação Nacional de Farmácias). A sua participação no processo foi mais um obstáculo ao sucesso do que uma ajuda, ajudando a criar falsas expectativas à população”, afirmou.
Maria de Belém afirma que o objetivo é o país atingir rapidamente a imunidade de grupo e “dar uma janela de esperança à economia e aos portugueses que têm sofrido muito”. A ex-ministra da saúde entende que “não seria aceitável que a vacinação contra a COVID-19 não corresse bem”.
Maria de Belém acredita que o Plano de Vacinação vai ter muito mais entidades do que as mencionadas, apesar da responsabilidade da vacinação contra a COVID-19 ser sempre do Serviço Nacional de Saúde. Afinal de contas, “tem de haver registo e identificar as pessoas e convocá-las em função das prioridades”.
A antiga ministra da saúde entende que “se o SNS vai fazer a vacinação tradicional, através dos centros de saúde, que estão a funcionar com muitas cautelas, com acesso ao espaço muito controlado, só com muita dificuldade o conseguirá fazer” até porque “Não acredito que alguém vá desenvolver uma vacinação pondo ao frio e à chuva, pessoas mais velhas”, afirma Maria de Belém.
Acresce para a ex-governante que “não podemos ter 1000 pontos no país que garantam a conservação das vacinas. Temos de olhar para os outros países, como fizeram e foi, sobretudo, em espaços cobertos”, sublinha.
Durante a audição parlamentar desta tarde, Francisco Ramos, responsável pela task-force da vacinação contra a COVID-19 esclareceu ainda que “Esta vacinação é voluntária e acho que seria um enorme erro torná-la obrigatória. Temos 40 anos de experiência de plano de vacinação, que é uma joia da coroa do Serviço Nacional de Saúde”.
O ex-secretário de estado admitiu um provável atraso no início do processo de vacinação, dado que a Pfizer reduziu em 20% a produção da vacina. Francisco Ramos anunciou, ainda assim, que 50 mil pessoas vão ser vacinadas por dia, nos centros de saúde do país.