O chefe do Centro de Psicologia e Intervenção Social da GNR defendeu hoje, em Lisboa, uma atualização constante das estratégias de prevenção de suicídio nas forças de segurança, face à evolução das realidades com que são confrontados.
“Estes programas na área da prevenção do suicídio estão sempre inacabados, mesmo quando se atinge uma taxa zero”, disse à agência Lusa o tenente-coronel e psicólogo António Martinho, no final de uma intervenção na conferência “Forças de Segurança – Do Burnout ao Suicídio”, promovido pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG).
De acordo com o mesmo responsável, as estratégias adotadas recentemente já deram resultados, não se tendo verificado qualquer caso em 2018 na GNR, o que não acontecia há 23 anos: “É isso que nos incentiva e nos faz acreditar que é possível o zero”.
No ano passado, porém, houve dois suicídios. “São duas situações particulares em que não estando de serviço, têm acesso à arma de fogo, o que nos obriga também, do ponto de vista da ação do comando, a haver um maior controlo no acesso a armas de fogo por parte de quem não está efetivamente a desempenhar funções de serviço”, defendeu.
Questionado sobre a resposta da tutela, o oficial respondeu que têm sido adotadas várias medidas para prevenir “o flagelo”, entre palestras ao nível das subunidades e uma “reavaliação psicológica de todo o efetivo”, no sentido de tentar detetar fatores de riscos, por forma a fazer um encaminhamento para tratamento.
Segundo a mesma fonte, há “uma preocupação de intervenção na crise psicológica”, nomeadamente nas crises suicidárias, tendo sido disponibilizada uma linha telefónica de apoio 24 horas por dia (800 962 000).
Para o psicólogo, é “primordial” falar do tema sem tabus.
“Costumamos dizer que na sociedade ocidental há dois grandes tabus: a morte e o sexo. Parece que ninguém morre e ninguém tem sexo! Com o suicídio, o tabu agrava-se”, afirmou durante a intervenção na conferência, perante uma plateia de militares, psicólogos e dirigentes associativos.