A Câmara de Vila Real quer criar um centro de vacinação contra a covid-19 e disponibiliza salas, equipamento para armazenamento a 80 graus negativos e uma unidade móvel para auxiliar na campanha que está em preparação em Portugal.
“Eu julgo que é melhor prevenir do que remediar e, desde já, estamos a disponibilizar ao Ministério da Saúde, ao Estado português, todas as condições para que no distrito de Vila Real, na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, possamos desenvolver um processo que leve a que o público alvo prioritário possa ser vacinado logo no início”, afirmou hoje o presidente do município, Rui Santos.
Marisa Borges, vogal do conselho clínico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Marão – Douro Norte, considerou a iniciativa da autarquia como “essencial” porque “vai permitir às unidades de saúde melhorarem a resposta não covid-19” e “permitir “otimizar o processo de vacinação”.
Os responsáveis falavam aos jornalistas à margem de uma visita ao Regia Douro Park, onde o município de Vila Real disponibiliza três salas, com cerca de 200 metros quadrados, que considerou serem “adequadas para a instalação de um centro de vacinação covid-19”.
Estes espaços, originalmente laboratórios, “estão bem” servidos em termos de acessibilidades, estacionamento e acesso para cidadãos com mobilidade reduzida”.
Também no Parque de Ciência e Tecnologia - Regia Douro Park - o município oferece arcas congeladoras com capacidade de gerarem temperaturas inferiores a 80 graus negativos para serem usadas para armazenamento de ‘stocks’ de vacinas, quer para o concelho de Vila Real, quer para a região.
Nesta altura a capacidade de armazenamento é de 600 litros, mas, em caso de necessidade, esta poderá ser elevada até aos 1.200 litros.
Por fim, e como já tem feito em outras campanhas de vacinação para a gripe comum ou para testagens covid-19, a câmara colocou ao dispor a sua unidade móvel de saúde, permitindo “vencer as dificuldades de deslocação de parte da população”.
Marisa Borges destacou as “comodidades” que o espaço no Regia Douro Park oferece, tanto a nível “de acesso para os utentes, como para os próprios profissionais terem condições tanto de vacinar como de organizar todo o resto do trabalho adjacente à vacinação”.
“Estas condições são ótimas para podermos fazer esse processo de vacinação. Contudo, ainda aguardamos orientações”, ressalvou.
O Governo criou uma ‘task force’ para a elaboração do plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal. Este grupo de trabalho tem como objetivos definir a estratégia de vacinação, com a definição dos grupos prioritários, assegurar a logística do armazenamento e distribuição das vacinas, garantir o registo eletrónico da respetiva administração e da vigilância de eventuais reações adversas e ainda promover uma comunicação com a população sobre a importância da vacinação.
Perante a necessidade de, “potencialmente, ser vacinada toda a população", o município de Vila Real considerou "relevante oferecer espaços alternativos, de forma a que as unidades de saúde consigam manter a sua capacidade de resposta a todas as questões não relacionadas com covid-19”.
“É uma forma também de aliviar a presença de pessoas nos centros e unidades de saúde permitindo que eles possam corresponder a outras necessidades do Sistema Nacional de Saúde”, reforçou Rui Santos.
O autarca destacou ainda a capacidade de a unidade móvel ir ao encontro da população que reside nos meios rurais e adiantou que, no âmbito da vacinação contra a gripe, nesta estrutura foram vacinadas cerca de 2.750 pessoas.
O presidente afirmou que a câmara de Vila Real quer “ser parte da solução” e salientou que, no que diz respeito a este município, “não haverá rigorosamente nenhum motivo para que a população não tenha condições para poder ser vacinada dentro daquilo que são os critérios da ‘task force’”.
“É preferível termos estes espaços preparados do que nos serem solicitados e não termos nada. E quisemos desde já sinalizar a possa disposição para ajudar em tudo aquilo que for necessário neste processo”, sublinhou o autarca.
O concelho de Vila Real tem 175 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus e integra o grupo de municípios em risco muito elevado.
“A vacina é muito relevante, mas todos sabemos que ainda vai demorar algum tempo a chegar a todos, e a melhor vacina somos nós próprios e os cuidados que temos que ter”, frisou o autarca.
Portugal contabiliza pelo menos 5.122 mortos associados à covid-19 em 327.976 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.