Macau dá este sábado as boas-vindas ao Ano Novo Lunar, de forma mais discreta do que é habitual, com o Governo e os casinos a adiarem os principais eventos devido ao vírus detetado na China.
O risco de propagação da pneumonia viral - numa altura em que estão confirmados pelo menos dois casos em Macau e mais de 500 casos na China - obrigou as autoridades da capital mundial do jogo a adiar várias atividades previstas para assinalar o início do ano do Rato e a apelar às entidades privadas para que atuem no mesmo sentido.
O surto da doença, provocada por um novo tipo de coronavírus e que já causou pelo menos 17 mortos e mais de meio milhar de infetados, surge precisamente na mesma altura em que milhões de chineses viajam por ocasião do Ano Novo Lunar, equivalente ao natal nos países ocidentais.
Entre os eventos adiados em Macau destaca-se a Parada de Celebração do Ano Novo Chinês, que todos os anos leva às ruas do antigo território administrado por Portugal milhares de residentes e turistas.
A iniciativa custou este ano ao Executivo mais de três milhões de euros e contava com duas sessões, agendadas para 27 de janeiro e 01 de fevereiro. Além de 34 grupos de animação, era esperado um cortejo de 18 carros alegóricos e um espetáculo de fogo-de-artifício.
Sob este pretexto viajava até Macau a marcha do Alto do Pina, que saiu no ano passado vencedora das Marchas Populares de Lisboa.
O Governo também anunciou o cancelamento do habitual desfile do dragão gigante dourado, que geralmente acontece nas ruínas de S. Paulo e no largo do Senado, dois dos principais pontos turísticos da cidade.
Em contrapartida, o Executivo da região administrativa especial chinesa deu 'luz verde' à tradicional queima de panchões [cartuchos de pólvora].
O apelo do Governo já levantou reações no setor privado, nomeadamente por parte das concessionárias de jogo.
A Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, cancelou o habitual jantar de Gala do Ano Novo Lunar, previsto para sexta-feira, e a operadora de jogo MGM suspendeu a tradicional apresentação da “dança do leão”, agendada para sábado.
O novo chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, admitiu entretanto que os casinos podem ser obrigados a fechar, se a situação de contágio se agravar no território, que espera um aumento acentuado do fluxo de visitantes nos próximos dias.
O Governo chinês costuma flexibilizar nesta altura do ano a concessão de vistos para a entrada em Macau e abre também as portas dos casinos aos funcionários públicos, proibidos de jogar no resto do ano.
No entanto, as autoridades de Macau anunciaram esta tarde estar a recusar nas fronteiras a entrada e saída de pessoas com febre para conter o surto do vírus chinês de Wuhan, capital da província central chinesa de Hubei.