Macau está a recusar nas fronteiras a entrada e saída de pessoas com febre para conter o surto do vírus chinês de Wuhan que já causou 17 mortes e mais de meio milhar de infetados.
Até ao momento, a medição da temperatura corporal estava a ser efetuada à entrada das fronteiras, mas as ordens são agora de se proceder à mesma verificação à saída, uma informação que foi sublinhada hoje em duas conferências de imprensa, uma primeira promovida pelo chefe do Governo, uma segunda, ao final da tarde, prestada pelas autoridades de saúde.
O chefe do Governo explicou ao início da tarde que esse procedimento está a ser já seguido na cidade vizinha de Zhuhai e que a decisão de Macau vai no sentido de reforçar o esforço conjunto de contenção da epidemia que, fora da China continental, levou já à identificação de pessoas infetadas na Coreia do Sul, Japão, Tailândia, Estados Unidos, Taiwan, Hong Kong e Macau.
As pessoas a quem seja detetada febre serão depois encaminhadas para a respetiva avaliação clínica.
As autoridades de Macau identificaram hoje uma segunda pessoa infetada com o novo tipo de coronavírus, um homem de 66 anos, que, tal como o primeiro caso, uma mulher de 52 anos, é oriundo de Wuhan.
Atualmente em regime de isolamento, a situação clínica de ambos é considerada estável.
Outras 15 pessoas estão neste momento em regime de isolamento, cinco das quais são considerados casos de alto risco. Outras oito pessoas estão numa urgência especial a aguardar os resultados de um teste que permita despistar a doença.
O chefe do Governo de Macau admitiu também hoje que os casinos do território, capital mundial do jogo, podem ser obrigados a fechar caso a situação de contágio se agravar no território devido ao coronavírus chinês de Wuhan.
Macau elevou no dia 05 de janeiro o alerta de emergência para o nível três, um grau de risco elevado que exige um acompanhamento mais apertado.
Desde então, proibiu excursões de e para Wuhan, foram suspensos voos para aquela cidade onde foi detetado o vírus, cancelou as comemorações do Ano Novo Lunar, está a proceder a desinfeções em locais públicos (mercados públicos, transportes) e obrigou funcionários públicos e trabalhadores dos casinos a usarem máscara.
O governante disse na mesma conferência de imprensa que o território encomendou 20 milhões de máscaras individuais de proteção no estrangeiro porque o produto está esgotado em alguns pontos na China devido ao vírus de Wuhan.
O chefe do Governo sublinhou que o território também já acautelou o reforço de máquinas de ventilação de apoio respiratório e de medicamentos.
O surto surge numa altura em que milhões de chineses viajam, por ocasião do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais. Segundo o Ministério dos Transportes chinês, o país deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.
O mais de meio milhar de casos registados tem alimentado receios sobre uma potencial epidemia, semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.