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Equipa portuguesa na corrida à vacina contra sars-cov-2

CANAL S+ / VD
16-11-2020 20:13h

Helena Florindo coordena a equipa de investigadores portugueses da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa que trabalha em colaboração com a investigadora Ronit Satchi-Fainaro do Cancer Research & Nanomedicine Laboratory da Universidade de Tel Aviv, em Israel, na busca por uma vacina contra o SARS-COV-2.

Em entrevista ao Canal S+, a professora de Farmácia afirma que “os resultados são promissores” apesar de se tratar de uma abordagem pouco convencional, baseada “em pequenas frações de proteínas, que detetámos como imunogénicas, associadas a um fator inovador”, afirma a especialista do Instituto de Investigação do Medicamento.

O trabalho que está a ser desenvolvido pela equipa de Helena Florindo, através da nanotecnologia, reflete muito do que foi feito, nos últimos cinco anos, na procura de uma vacina contra o cancro.

O processo de criação de nanovacinas antitumorais foi interrompido pela pandemia e levou a investigadora portuguesa a querer perceber se o que estavam a preparar produzia uma resposta imunológica contra o novo coronavírus. Neste momento, a equipa luso-israelita encontra-se “a caracterizar a resposta da nova terapêutica ao nível dos animais”.

Ao longo da investigação, Helena Florindo afirma que uma coisa parece certa ”Sabemos que a resposta mediada pelos anticorpos é importante, mas a resposta mediada pelas células também parece ser”. Para a professora de farmácia e investigadora é importante “caracterizar a resposta no seu todo”.

No momento em que várias empresas farmacêuticas anunciam vacinas com elevado grau de eficácia contra a COVID-19, superiores a 90%, como sucede com a vacina da Pfizer e da Moderna, Helena Florindo mostra-se esperançosa, mas simultaneamente cautelosa.

A investigadora portuguesa recorda que “ainda hoje não conhecemos bem as implicações que a infeção pelo SARS-COV-2 tem”, apesar da profusão de estudos e de artigos de investigação científica a nível internacional que surgem todos os dias.

Numa luta contra o tempo, perante a urgência sanitária mundial provocada pela pandemia da COVID-19, Helena Florindo assinala que os organismos de licenciamento e de fármaco-vigilância vão garantir a segurança e a eficácia de uma eventual vacina. Segundo a investigadora portuguesa, não há motivos para ter receios ou para se achar que “tudo está a ser feito à pressa”. “O que se passou foi que desta vez, com a partilha de informação, muitos passos foram feitos em paralelo”. A professora de Farmácia está apesar de tudo muito otimista que vamos ter uma, duas ou três vacinas no início de 2021.”

A investigação liderada por Helena Florindo obteve um financiamento de 300 mil euros da Fundação La Caixa para suportar os custos de entrada nos ensaios clínicos, a regulamentação e a consultoria.

Em todo o mundo, estão em desenvolvimento cerca de 198 vacinas, 156 estão em avaliação pré-clínica e 42 em avaliação clínica (com testes em humanos), em fases diferentes – 1, 2 e 3 - que aumentam gradualmente a amostra de voluntários.

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