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Macau cria centro de contingência e aumenta controlo nos aeroportos devido a pneumonia viral

LUSA
21-01-2020 10:30h

O Governo de Macau criou hoje um centro de contingência para reforçar a resposta ao novo tipo de coronavírus e alargou o controlo da temperatura corporal a todos os turistas provenientes da China.

O centro visa "orientar e coordenar as ações das entidades públicas e privadas no âmbito da prevenção, controlo e tratamento das infeções por novo tipo de coronavírus", afirmou a secretária para os Assuntos e Sociais, Ao Ieong U, em conferência de imprensa.

Não existe até ao momento qualquer caso confirmado em Macau e o alerta mantém-se no nível 3, relativo a um risco médio que exige um acompanhamento mais apertado e que já está em vigor desde 05 de janeiro.

Criado por despacho do chefe do Executivo, o centro de contingência vai funcionar 24 horas por dia e é responsável por "todas as medidas preventivas e de controlo necessárias, conforme a intensidade da propagação das infeções por novo tipo de coronavírus", acrescentou Ao Ieong U.

Por sua vez, o diretor dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, anunciou que, face ao aumento significativo de casos de infeção, as autoridades de Macau alargaram o controlo da temperatura corporal a todos os turistas chineses que chegam ao território por avião.

Anteriormente, a medida aplicava-se apenas a turistas provenientes de Wuhan, cidade no centro da China, onde surgiram os primeiros casos da doença.

O vírus já infetou pelo menos 224 pessoas na China e as autoridades chinesas anunciaram a quarta vítima mortal.

"A população de Macau não tem de ficar preocupada porque o Governo vai tomar as medidas necessárias", realçou a governante, apelando ao público para que não acredite nas "informações não oficiais que circulam nas redes sociais".

No entanto, não descartou a possibilidade de a doença se vir a registar em Macau, numa altura em que já foram confirmados casos em várias cidades chinesas, incluindo Zhuhai, adjacente ao território, mas também na Tailândia, no Japão e na Coreia do Sul.

A doença coincide com o período de viagens mais movimentado na China, já que milhões de pessoas viajam nesta altura por ocasião do Ano Novo Lunar, a festa das famílias chinesas.

Lei Chin Ion anunciou que os dirigentes dos Serviços de Saúde vão suspender as férias previstas para esta época e que algumas cirurgias não urgentes serão suspensas para que os profissionais se possam focar nas medidas de prevenção da pneumonia viral.

O novo coronavírus é semelhante ao que provoca a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), mais conhecida como pneumonia atípica, que infetou os primeiros doentes no sul da China em 2002 e se espalhou a mais de 20 países, matando quase 800 pessoas, e a Síndrome Respiratória do Médio Oriente, que foi identificada pela primeira vez em 2012 na Arábia Saudita, estendendo-se a 27 países e que causou mais de 850 mortos.

Segundo o especialista e investigador em doenças respiratórias da Comissão Nacional de Saúde da China Zhong Nanshan, o coronavírus transmite-se por contágio humano.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para hoje uma reunião de peritos para avaliar se os casos de coronavírus na China constituem uma emergência de saúde pública internacional.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, convocou o Comité de Emergência da organização para que avalie esta possibilidade e as recomendações a seguir se for declarada a emergência de saúde pública internacional, aplicável às epidemias mais graves.

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