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China e países próximos tomam precauções face a nova pneumonia

LUSA
21-01-2020 10:29h

China e países próximos estão a tomar precauções à medida que milhões de chineses começam a viajar, por altura das férias do Ano Novo Lunar, ameaçando alargar uma nova pneumonia oriunda do centro do país.

A ansiedade em torno da doença aumentou depois de o especialista do Governo chinês Zhong Nanshan ter revelado que o novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais, é transmissível entre seres humanos.

Até à data, as autoridades diziam que não havia evidências de que fosse transmissível.

Quatro pessoas morreram e mais de 200 foram infetadas desde que o vírus foi inicialmente detetado, no mês passado, em Wuhan, um cidade do centro da China, que é também um importante centro de transporte doméstico e internacional.

Esta semana foram diagnosticados novos casos em Pequim, Xangai e Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong. Todos estes pacientes visitaram Wuhan recentemente.

Fora da China, quatro casos do novo coronavírus foram confirmados entre viajantes chineses na Coreia do Sul, Japão e Tailândia, todos também oriundos de Wuhan.

Os casos alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.

Em Macau, as autoridades anunciaram que vão verificar individualmente os passageiros provenientes de Wuhan, "por via aérea, marítima ou terrestre".

O principal conselheiro para o ministério da Saúde da Austrália, Brendan Murphy, anunciou também que o país aumentou já a triagem nos aeroportos. A Austrália recebe um número significativo de viajantes da China, e conta com três voos diretos por semana de Wuhan para Sydney.

Os passageiros estão a ser recebidos por equipas médicas para avaliações, disse Murphy, citado pela imprensa australiana.

Japão, Coreia do Sul, Hong Kong e outros locais com vários voos diretos para a China também estão a adotar medidas mais rigorosas de triagem. Pelo menos três aeroportos nos Estados Unidos começaram a rastrear passageiros de companhias aéreas oriundas do centro da China.

"Precisamos de aumentar o nível de alerta, pois o número de pacientes continua a aumentar na China", disse o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.

Os primeiros casos identificados estão ligados a um mercado de mariscos, situado nos subúrbios de Wuhan, pelo que se suspeita que os primeiros pacientes tenham contraído o vírus a partir de animais.

A transmissão entre seres humanos só foi confirmada na segunda-feira.

Zhong, especialista do Governo chinês, que ajudou a expor a verdadeira escala da pneumonia atípica, em 2002, disse à emissora estatal CCTV que duas pessoas na província de Guangdong foram infetadas a partir de familiares.

Quinze funcionários hospitalares também testaram positivo para o vírus, anunciou a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan. A comissão tinha dito, na semana passada, que nenhum dos funcionários que teve contacto próximo com os pacientes tinha sido infetado.

O Presidente chinês, Xi Jinping, instruiu os departamentos do Governo na segunda-feira a divulgar prontamente informações sobre o vírus e aprofundar a cooperação internacional.

Durante a epidemia da pneumonia atípica, o Governo chinês tentou inicialmente ocultar a gravidade, mas o encobrimento foi exposto por um médico reputado.

Na rede social chinesa Weibo, o Twitter chinês, vários internautas difundiram conselhos de prevenção, incluindo como usar máscaras e lavar as mãos. Algumas pessoas disseram ter cancelado os seus planos de viagem e que vão ficar por casa durante as férias do Ano Novo Lunar.

Segundo o ministério chinês dos Transportes, a China deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.

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