O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, disse hoje acreditar que a economia portuguesa recuperará da crise, face aos sinais de dinamismo e vitalidade demonstrados pelo crescimento de 13,2% do PIB no terceiro trimestre.
Em entrevista concedida à Lusa e a dois outros órgãos de comunicação social europeus, depois de apresentar as previsões económicas de outono da Comissão Europeia, que reveem em baixa o ritmo de retoma da economia europeia, e também da portuguesa, em 2021 e 2022, Gentiloni disse, ainda assim, acreditar na capacidade de retoma em Portugal, justificando o seu otimismo com os recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que apontam para uma subida de 13,2% do Produto Interno Bruto entre julho e setembro, face ao trimestre anterior.
O comissário italiano reconheceu que há Estados-membros que sofrem mais do que outros, devido à estrutura das suas economias, como é o caso de países muito dependentes do setor do Turismo, como Portugal, mas realçou que “esta segunda vaga [da pandemia da covid-19] está a afetar de uma forma ainda mais generalizada todos os Estados-membros do que a anterior, a crise da primavera, que parecia estar concentrada na Europa ocidental e do sul”.
Com a pandemia a “afetar fortemente” agora também os países do norte e leste da Europa, Gentiloni sublinhou que a crise atual “é um desafio para todos os Estados-membros”, mas disse acreditar que economias dinâmicas, como a portuguesa, conseguirão recuperar.
“Penso que o resultado do crescimento que vimos em Portugal no terceiro trimestre, de cerca de 13% do PIB, mostra que a economia tem dinamismo e vitalidade e que podemos contar com a retoma”, afirmou.
Gentiloni assumiu, no enatbto, que a retoma, em Portugal e nos restantes Estados-membros, possa é ser menos rápida do que aquilo que Bruxelas projetava anteriormente, pois “é isso que emerge das previsões de hoje”.
A Comissão Europeia reviu hoje em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021 face ao ressurgimento da covid-19, estimando que a maioria dos Estados-membros só recuperem da crise dentro de dois ou mais anos.
Nas suas previsões económicas de outono, hoje publicadas, numa altura em que boa parte da Europa voltou a introduzir fortes medidas restritivas devido à segunda vaga da covid-19, o executivo comunitário até desagrava ligeiramente a previsão da contração económica este ano, mas estima que quase metade dos Estados-membros não voltem aos níveis de PIB registados antes da pandemia até final de 2022.
A segunda vaga da pandemia e as medidas restritivas associadas levam a Comissão a rever em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro, estimando agora que só recupere 4,2% em 2021 e 3% em 2022, após uma contração de 7,8% este ano (neste caso menos gravosa do que aquela que antecipava em julho, de 8,7%).
No caso de Portugal, Bruxelas também desagravou a previsão de queda da economia este ano – espera agora uma contração de 9,3%, que compara com o recuo de 9,8% antecipado no verão -, mas reviu em baixa as perspetivas de recuperação no próximo ano, ao projetar um crescimento de 5,4% do PIB (contra 6,0% em julho), seguido de uma subida de 3,5% em 2022.