O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) assume-se líder nacional no setor da inovação em saúde, com vários projetos em curso, além de integrar 10 redes europeias de referenciação em doenças raras reconhecidas pela Comissão Europeia.
"Nós somos dos hospitais a nível europeu com maior pertença a redes de referenciação. Para se ter ideia, o segundo hospital português integra três ou quatro redes, enquanto nós temos dez neste momento", salientou Alexandre Lourenço, administrador hospitalar.
Segundo o assessor do conselho de administração, o CHUC é, a nível europeu, um dos maiores com presença nas redes europeias, num conjunto de áreas muito distintas, que vão desde a transplantação à visão.
O CHUC, sublinhou, são a "âncora" de um processo de inovação da Região Centro, com parcerias naturais com a Universidade de Coimbra, Instituto Pedro Nunes, Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro e Administração Regional de Saúde do Centro, "que depois criam um ecossistema que permite desenvolver um conjunto de projetos na área da inovação em saúde muito relevantes a nível internacional".
"Os hospitais estão num processo de grande mudança e a componente de inovação e de estabelecimento de parcerias vai apoiar-nos nesta mudança da prestação de cuidados, que é urgente, uma vez que a nossa população-alvo está cada vez mais envelhecida", disse Alexandre Lourenço.
Segundo o administrador hospitalar, o CHUC é o único hospital português com projetos de investigação no Horizonte 2020 [programa de inovação da União Europeia] nas áreas da oftalmologia, reumatologia, neurologia, células estaminais, nanotecnologia e infecciologia.
Alexandre Lourenço salienta, por exemplo, a participação no programa de pesquisa do vírus 'zika', para realçar que Coimbra tem o "único hospital português com projetos nesta área [da infecciologia]".
No âmbito do Interreg, que apoia, essencialmente, a criação de redes de cooperação entre regiões da União Europeia, os CHUC estão a desenvolver dois projetos "muito relevantes", juntamente com parceiros espanhóis e franceses, que totalizam quase três milhões de euros.
O primeiro, designado de PROCURA, com uma dotação de dois milhões de euros, visa promover políticas de compra de inovação para implementar um modelo integrado de cuidados Sociais e Saúde no campo do envelhecimento ativo e da vida independente, incentivando a cooperação transnacional e a transferência de conhecimento.
Segundo Alexandre Lourenço, está a ser desenvolvido um andarilho inteligente para pessoas idosas, que se possa transportar entre o Hospital e o domicílio, que vai monitorizar os passos e a temperatura do doente, e uma casa de banho assistida.
O outro projeto, intitulado de INHospital, que está a ser desenvolvido com parceiros espanhóis, pretende criar uma rede de hospitais que promovam um novo modelo baseado em inovação e transferência tecnológica.
Com uma dotação de quase um milhão de euros e final previsto para 2021, o projeto pretende que os hospitais não sejam apenas consumidores de recursos, mas também entidades produtoras de retorno económico a partir da exploração do conhecimento científico e assistencial, "conseguido através do desenvolvimento de produtos e serviços inovadores".
O CHUC integra também no Instituto Europeu para a Inovação e Tecnologia na área da saúde, em que tem como parceiros marcas como a Phillips, Roche e grandes empresas europeias como a GE Healthcare, "que dão a possibilidade do adotar tecnologia muito mais recente do que outras entidades, porque começa-se a utilizá-la não numa lógica de compra", mas de teste e desenvolvimento.
De acordo Alexandre Lourenço, o CHUC desenvolveu em 2019 projetos muito focados na educação para o doente, na área das doenças crónicas respiratórias, epidemiologia do envelhecimento e impressão 3D, que permite criar moldes de cirurgias complexas para os cirurgiões treinarem antecipadamente.
"Isto é muito relevante para a área do ensino, em que os alunos podem contactar com os moldes e fazer o treino do planeamento da cirurgia", salientou o responsável, referindo que existem ainda projetos na área de definição de percursos clínicos de doentes com base em mineração de dados e na área da epilepsia.
No decorrer deste ano, a maior unidade hospitalar do país vai liderar "um projeto estratégico" para o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, no montante de 250 mil euros, que passa por coordenar uma rede de hospitais inovadores a nível europeu, que abrange unidades de Espanha, Itália, Polónia e Hungria.
Para o presidente do conselho de administração, Fernando regateiro, o CHUC encontra-se num patamar que "não é comum nos hospitais portugueses", sendo "uma marca única" que não trata apenas doenças, "e trata-as bem", mas que desenvolve "soluções para todas as situações".
"Nós estamos no domínio da produção de conhecimento, da criação de conhecimento, de soluções para problemas práticos, da interrogação, do questionamento para criar trajetos que levam a soluções complexas, que neste momento não estão disponíveis", sublinhou.
O que caracteriza os CHUC, frisa Fernando Regateiro, "é naturalmente a grande capacidade que tem de ir à frente e resolver os problemas, e a capacidade extraordinária de se envolver com a inovação, desenvolvimento tecnológico e questionamento sobre procedimentos adotados e, a partir deles, criar novas soluções, não se conformando em serem iguais aos outros".