Em entrevista ao Canal S+, o professor de Saúde Pública afirma que foram 41 anos “muito intensos”, com um “edifício de profissionais de grande valor”. Para o responsável importa agora “ajustar a utopia de 1979 à realidade dos tempos que vivemos”. Adalberto Campos Fernandes sublinha que o foco deve incidir sobre “a modernização, no investimento e na capacitação do SNS alinhado com os padrões de doença, longevidade e riscos emergentes, como é o caso da pandemia que vivemos”.

Para o especialista em Saúde Pública, o aumento do número de infetados com COVID-19 é “perfeitamente normal”. De resto, o ex-ministro da saúde está convencido que “podem até aumentar nos próximos dias (…), mas não devemos assustar ou intimidar as pessoas”, recorda.

Para o professor de Saúde Pública, nesta “caminhada de aprendizagem” que está a ser a pandemia da COVID-19, temos alguns exemplos negativos, como a Festa do Avante, o Santuário de Fátima cheio a 13 de Setembro ou a Praça de Touros do Campo Pequeno repleta de pessoas. Adalberto Campos Fernandes relembra ainda que “pode ser perigoso responsabilizarmos os cidadãos pelo incumprimento daquilo que lhe está a ser pedido”. Para o ex-ministro da saúde, “as normas têm se ser simples” de modo a gerir o melhor possível as expectativas das pessoas e evitar o excesso da mediatização. “Não se entende por exemplo, porque é que o comércio tem de fechar às 8 da noite”, questiona.

Para Adalberto Campos Fernandes, o excesso de mediatização tem conduzido a “sinais de saturação” da população e por esse motivo devia ser feito “um exercício de ponderação sobre a utilidade de tanta comunicação oficial, afirma o ex-ministro da Saúde.

Adalberto Campos Fernandes foi ministro da Saúde no XXI Governo Constitucional entre 2015 e 2018. Atualmente é professor Associado convidado da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.