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Covid-19: Lar do Comércio em Matosinhos envia carta aos grupos parlamentares

LUSA
08-07-2020 18:16h

A direção do Lar do Comércio, em Matosinhos, enviou aos grupos parlamentares, depois de alguns deles terem questionado o Governo sobre o seu funcionamento, uma carta onde esclarece de que forma foi afetado pela pandemia e a situação atual.

Na missiva, a que a Lusa teve hoje acesso, a direção da instituição, criada há 84 anos, refere que visto que alguns partidos com assento parlamentar apresentaram perguntas ao Governo sobre a mesma, vem “contribuir para o esclarecimento das questões que têm vindo a público sobre a forma como o seu funcionamento foi afetado pela atual pandemia, expondo a situação que se vive atualmente”.

O Lar do Comércio registou 24 mortes por covid-19, tendo sido descontaminado pelo Exército Português, num processo que obrigou à transferência de 59 utentes para três instituições do distrito do Porto.

O Ministério Público instaurou um inquérito à atuação do lar e um familiar de uma utente que morreu com covid-19 apresentou queixa, por alegada prática de vários crimes, e requereu a suspensão de funções dos órgãos sociais.

Numa longa retrospetiva sobre todo o processo, a direção salientou que sendo “uma das maiores Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), não poderia escapar ilesa à pandemia”, tendo a primeira morte ocorrido a 13 de abril no hospital local, apenas confirmada como causada pela covid-19 a 17 de abril.

Entre 20 e 22 de abril, os idosos foram todos testados, porém os resultados foram sendo recebidos “paulatinamente”, o que atrasou a execução das medidas necessárias, explicou.

Contudo, segundo os responsáveis, em março já haviam sido proibidas as visitas, criado um plano de contingência, encerrado o centro de dia e equipamento infantil e procurado recursos humanos que começavam “a escassear”.

Dando uma ideia desta falta, o Lar do Comércio revela que em fevereiro tinha 157 pessoas ao serviço, a 15 de abril 106 e, um mês depois, 74.

Na exposição, a direção recorda que em maio criou uma equipa multidisciplinar, acordou um plano de mobilização interna e externa e testou todos os utentes e funcionários, tendo reorganizado o espaço, redefinido circuitos, realizado ações de formação em covid-19, estabelecido plano de visitas e refeito plano de contingência, divulgou.

“Internamente, promoveu-se à criação de uma bolsa de recrutamento de pessoal especializado e feitas alterações na orgânica interna da instituição com a admissão de um novo diretor de serviços e a criação de uma Comissão de Gestão”, lê-se na missiva.

Atualmente, o Lar do Comércio tem 182 utentes que, lentamente, estão a retomar a sua vida normal, almoçando e jantando novamente nas salas de refeições e voltando a ter atividades, designadamente ao ar livre, acrescentou.

Entre os 182 utentes, 104 estão de regresso aos seus quartos, apenas três permanecem segregados na área covid-19, encontrando-se 62 na Área de Residentes Dependentes (ARD), dos quais 27 estão em isolamento profilático, adiantou.

Além disso, nove deles estão ainda a residir com as suas famílias e quatro internados, sendo que apenas um está infetado, sustentou.

A instituição destacou ter criado um Gabinete da Família, com a responsabilidade de marcar e acompanhar as visitas e constituído uma equipa de acompanhamento multidisciplinar com representantes do lar, da Segurança Social, da Câmara de Matosinhos e da Autoridade de Saúde para estabilizar o seu funcionamento.

O Lar do Comércio termina a carta a convidar os grupos parlamentares para uma visita às suas instalações.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 544 mil mortos, incluindo 1.631 em Portugal.

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