“A forma diferente como nós abordámos este caso da estrutura residencial para idosos aqui na região está a dar os seus resultados e acreditamos que nos próximos dias iremos conseguir, tanto na estrutura residencial, como no concelho do Nordeste, fazer o regresso à nova normalidade”, afirmou.

Tiago Lopes falava, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.

O concelho do Nordeste, o único nos Açores que mantém um cordão sanitário, regista atualmente 32 casos de covid-19 ativos, 12 recuperados e 10 mortes.

Desde o início do surto, foram detetados 38 casos de infeção pelo novo coronavírus em utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste (10 dos quais morreram) e em 12 funcionários.

Hoje, a Autoridade de Saúde Regional dos Açores ordenou o encerramento do lar.

O primeiro caso de uma utente do lar infetada foi registado no dia 07 de abril, depois de a mulher de 88 anos, que entretanto morreu, ter estado internada no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.

Os utentes infetados que estavam no Centro de Saúde do Nordeste serão agora transferidos para o hospital e os utentes ainda institucionalizados, com teste negativo, serão encaminhados para aquele centro de saúde.

Hoje foi detetado um novo caso de infeção no concelho do Nordeste, um homem de 23 anos, funcionário do lar de idosos, que já se encontrava de quarentena em alojamento local e que foi testado quando se preparava para regressar ao trabalho.

“Preventivamente, já o tínhamos colocado, com a colaboração da câmara municipal, num alojamento local destinado para o efeito e, por essa via, eliminou-se a possibilidade de este caso, que agora foi registado como positivo, infetar ou pessoas do agregado familiar, ou outras pessoas da comunidade”, salientou Tiago Lopes.

Segundo o também diretor regional da Saúde dos Açores, o funcionário já tinha feito o teste de diagnóstico para infeção pelo novo coronavírus três vezes, sempre com resultado negativo.

“Aquando do momento em que se faz a colheita, a carga viral pode ser diferente e pode não ser detetável no teste e dar esse resultado negativo. Por isso é que temos tido estas cautelas e este zelo mais excessivo de testar mais e com mais frequência”, justificou.

O responsável da Autoridade de Saúde Regional admitiu, por isso, que possam surgir novos casos positivos entre os utentes que já tiveram resultados negativos e que, ainda assim, ficarão isolados nos Centro de Saúde do Nordeste por mais “alguns dias ou semanas”.

“Ainda estamos a fazer testes e nada nos garante, neste momento, que não possam surgir mais casos positivos dos utentes que estão institucionalizados”, reiterou.

“Vamos continuar a testar. Claro que é uma situação extremamente constrangedora e incómoda para utentes, para profissionais, para os contactos próximos, porque é um teste que não é agradável de se fazer e dada a frequência com que o mesmo é feito não é de todo desejável, mas temos de ter estas medidas mais zelosas e mais excessivas, por via daquilo que o novo coronavírus nos tem surpreendido”, acrescentou.

Os funcionários que estão a acabar períodos de quarentena serão testados e os que se encontravam a exercer funções no lar, agora encerrado, com a transferência dos utentes para o Centro de Saúde do Nordeste, vão “ficar em vigilância” e “fazer novamente testes”.

“Se tudo correr bem, nos próximos dias e nas próximas semanas, teremos a situação resolvida no concelho do Nordeste”, sublinhou Tiago Lopes.

Foram hoje registados 11 casos de recuperação da covid-19 nos Açores, dois na ilha Graciosa e nove na ilha de São Miguel, dos quais sete são utentes do lar de idosos do Nordeste.

“É efetivamente um sinal de resistência destes utentes”, afirmou o responsável da Autoridade de Saúde Regional, salientando que alguns tinham mais de 80 e 90 anos.

Desde o início do surto foram confirmados 144 casos da covid-19 nos Açores, 66 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 64 recuperações (42 em São Miguel, nove na Terceira, cinco em São Jorge e cinco no Pico e três na Graciosa) e 14 mortes (em São Miguel).

A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (106), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).