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Covid-19: Hospital de Leiria apoia comunidade intermunicipal nos testes a funcionários de lares

LUSA
05-05-2020 16:47h

O laboratório de patologia clínica do Hospital de Santo André está a colaborar com a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) na realização dos testes a funcionários de lares, aumentando a capacidade de resposta.

O Laboratório de Hematologia do Serviço de Patologia Clínica do Hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), começou, na segunda-feira, a colaborar com a CIMRL e com os Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) para a realização de testes ao novo coronavírus a cerca de 3.000 funcionários de lares da região.

“As equipas dos ACES fazem a recolha, entregam no hospital, que fazem a análise. São efetuados 50 testes por dia, que se juntam aos 96 que o Politécnico de Leiria já faz. Desta forma, passamos a testar de forma mais rápida”, explicou à agência Lusa o presidente da CIMRL, Gonçalo Lopes.

Os testes serão efetuados apenas aos funcionários, no âmbito de uma medida do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social [MTSSS], em colaboração com os Ministérios da Saúde e da Ciência, mas, “se algum colaborador testar positivo, todos os utentes do lar serão também testados”, referiu Gonçalo Lopes.

“O teste custa 50 euros. O MTSSS paga 35 euros e a CIMRL assume os 15 euros. É muito mais barato do que os orçamentos dos laboratórios privados, cujo valor convencionado com o Ministério da Saúde é de 87,95 euros”, acrescentou Gonçalo Lopes.

O presidente da CIMRL e também do Município de Leiria salientou que se a “tendência for para testar no futuro” é preciso perceber se “deve ou não existir uma clara aposta no reforço dessa capacidade”.

O laboratório do hospital de Leiria realiza testes à covid-19 desde o dia 19 de março. Desde então, já efetuou cerca de 5.000 testes, tendo 83 utentes dado positivo, revelou o diretor de serviço de Patologia Clínica do CHL, Ricardo Castro.

“Fazemos uma média de 100 testes por dia, mas com a retoma não sei o que vai acontecer. Em termos potenciais, poderemos ir até aos 150, não mudando absolutamente nada. Com a nossa capacidade de extração podemos subir mais”, adiantou o médico.

Ricardo Castro explicou que o laboratório foi adaptado para iniciar os testes covid-19. A zona onde estão concentrados todos os equipamentos e se realizam as análises está confinada ao final da sala. Toda a segurança individual está assegurada nas várias etapas: desde a chegada das amostras até à sala de testes.

No local estão duas pessoas dedicadas em exclusividade. “Há duas ou três que reforçam a equipa”.

O responsável explicou que existem três tipos de testes rápidos: biologia molecular, imunológicos ou antigénicos. “Um teste rápido imunológico até com uma picada no dedo dá para fazer. Ainda é cedo para o fazer, porque só há uma pequena percentagem da população imunizada. O teste rápido de biologia molecular identifica o material genético do vírus. E realiza-se a duas velocidades”, disse Ricardo Castro.

Numa das situações, basta colocar a amostra a correr e o resultado é dado num máximo de 50 minutos. “Nos testes de biologia molecular clássicos, chamemos-lhe assim, retiro o material genético da amostra, coloco os reagentes e ponho a incubar num termociclador. Neste tipo de testes coloco 60 ou 70 testes de uma só vez e preciso de umas seis horas para obter o resultado. Para fazer grandes volumes, este é mais prático”, assegurou.

Para montar o laboratório com área covid-19, o CHL investiu, para já, cerca de 420 mil euros. “O investimento em equipamento foi relativamente modesto, cerca de 20 mil euros. A grande fatia de despesa são os reagentes e os materiais laboratoriais de manuseamento das amostras. Já gastámos cerca de 400 mil euros, nestes dois meses, em reagentes, e temos um concurso para a compra de reagentes para o segundo semestre, que ultrapassa 1,1 milhão de euros”, revelou o presidente do Conselho de Administração do CHL, Licínio de Carvalho.

Este responsável anunciou ainda a criação de uma unidade de colheita para os doentes externos, no piso térreo. “Em três dias criámos uma solução que nos permite fazer colheitas a doentes que estão em ambulatório, sem virem muito dentro do hospital. Alargámos o horário de colheita para que as pessoas não se concentram todas no mesmo local”.

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