A União Africana (UA) anunciou hoje estar em conversações com Madagáscar para obter os dados técnicos relativos à segurança e eficácia do remédio natural à base de ervas anunciado para a prevenção e tratamento da covid-19.
“A União Africana está em discussões com a República de Madagáscar, através da sua embaixada em Adis Abeba [Etiópia], com vista a obter os dados técnicos respeitantes à segurança e eficácia do remédio à base de ervas, recentemente anunciado para prevenção e tratamento de covid-19”, anunciou a organização em comunicado.
O Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina anunciou, em 22 de abril, a criação do Covid-Organics, uma bebida natural à base de artemísia desenvolvida pelo Instituto de Investigação Aplicada do país para prevenir e curar a covid-19.
Desde então, vários países africanos manifestaram a intenção de experimentar o remédio e, pelo menos, a Guiné-Bissau e a Guiné Equatorial já receberam carregamentos da bebida.
De acordo com a mesma fonte, a decisão saiu de um encontro realizado, na quinta-feira, entre a comissária para os Assuntos Sociais da UA e o encarregado de Negócios de Madagáscar, em Adis Abeba, durante a qual ficou acordado que o país forneceria à organização pan-africana “os detalhes necessários” sobre o referido remédio.
Os dados científicos recolhidos até à data serão analisados e revistos pelo Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da UA (África CDC).
“Esta revisão basear-se-á em normas técnicas e éticas globais para reunir as provas científicas necessárias sobre o desempenho do tónico”, acrescenta o comunicado.
O pedido da UA seguiu-se à participação, na quarta-feira, de Andry Rajoelina num encontro do conselho alargado de chefes de Estado e de Governo da União Africana com os presidentes das comissões económicas regionais da organização.
Andry Rajoelina participou no encontro como presidente do Mercado Comum para o Leste e Sul de África (COMESA, na sigla em inglês) e na altura fez para os homólogos uma apresentação do remédio.
O encontro visava informar os responsáveis das comunidades regionais sobre as atividades e iniciativas da União Africana em resposta à pandemia de covid-19 no continente.
O anúncio da UA surge no mesmo dia em que o gabinete da Organização Mundial de Saúde para África recomendou que as novas terapias baseadas em farmacologia tradicional sejam submetidas a testes rigorosos antes de ensaios em grande escala.
"Os africanos merecem utilizar medicamentos testados de acordo com as normas aplicáveis aos medicamentos fabricados para pessoas no resto do mundo", adiantou a organização em comunicado.
"Mesmo quando os tratamentos são derivados da natureza e de práticas tradicionais, é essencial estabelecer a sua eficácia e segurança através de ensaios clínicos rigorosos", sublinhou.
O continente africano soma 44.911 casos acumulados de infeção pelo novo coronavírus, incluindo 1.810 mortes e 15.196 doentes recuperados em 53 países.
Madagáscar notificou, desde o início da pandemia, 149 casos de covid-19, sem registo de mortes, tendo 99 doentes sido dados como recuperados.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 249 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.