O responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores disse hoje que uma parte das máscaras, adquiridas para proteção da covid-19, em que foram detetadas inconformidades já foram repostas e as restantes também o serão.
“Já tratámos de adquirir mais material de proteção individual para suprir essa necessidade. Algum desse material já chegou à região, nomeadamente máscaras FFP2. Algum dele já foi restituído, algum dele irá ser restituído nos próximos dias. E a devolução iremos tratar agora com o fornecedor para que sejamos ressarcidos do que foi investido”, adiantou Tiago Lopes.
O responsável, que é também diretor regional da Saúde dos Açores, falava, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de covid-19 no arquipélago.
De acordo com a Secretaria Regional da Saúde dos Açores, terão sido detetadas inconformidades em mais de 38 mil máscaras FFP2, num valor de cerca de 121 mil euros, mais IVA.
Questionado sobre a utilização dessas máscaras, Tiago Lopes admitiu que algum dele possa ter sido utilizado por profissionais de saúde, mas considerou não haver motivo para preocupação.
“Penso que não terá ocorrido nenhum prejuízo de maior no que diz respeito à proteção de cuidados de saúde, por via de algum profissional de saúde ter utilizado esse material. Penso que poderão ficar todos descansados em relação a essa matéria”, afirmou.
Segundo o responsável da Autoridade de Saúde Regional, face a notícias que davam conta de material distribuído com inconformidades em alguns países, as comissões de controlo de prevenção de infeção das unidades de saúde passaram a ter “um olhar mais atento e crítico a todo o equipamento de proteção individual que chega” à região.
“Algum desse material coincidentemente terá feito parte do mesmo lote que poucos dias antes foi entregue no Canadá, em que as autoridades do Canadá verificaram que havia alguma inconformidade com o material que foi entregue. Por essa via, atempadamente, comunicámos com as unidades de saúde para que verificassem esse equipamento de proteção individual e o retirassem da acessibilidade aos profissionais de saúde para que não houvesse alguma situação menos abonatória para a prestação de cuidados de saúde”, revelou.
O executivo açoriano anunciou no dia 16 de abril que iria distribuir, por todos os domicílios da região, cerca de 270 mil máscaras sociais, cujo uso é recomendado a toda a população em espaços fechados frequentados por várias pessoas, mas até ao momento terão chegado apenas ao concelho do Nordeste, na ilha de São Miguel.
Questionado sobre o prazo previsível de chegada destas máscaras a toda a população do arquipélago, Tiago Lopes disse que a entrega não é urgente.
“Não há nenhuma previsão. Não existe uma urgência ou emergência relativamente à sua entrega. Estamos a fazer a sua produção atendendo a todas as especificações técnicas que a DGS [Direção-Geral da Saúde], o Instituto Português de Qualidade, o Infarmed e a ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica] preconizaram na sua orientação, em 14 de abril, e, por essa via, estão a ser, ao longo dos últimos dias, distribuídas”, apontou.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional sublinhou, no entanto, que não podem ser descuradas as medidas básicas de precaução e prevenção.
“É uma medida adicional e não pode nunca descurar as medidas principais a que temos vindo a apelar e que tão bom resultado têm dado ao longo destas últimas semanas: distanciamento físico, lavagem frequente das mãos e etiqueta respiratória”, frisou.
Os Açores estão há oito dias sem registo de novos casos positivos de infeção pelo novo coronavírus.
Foi realizada uma terceira ronda de testes para despiste de infeção no Lar da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste, onde foram detetados casos positivos da covid-19 em 33 utentes e 10 funcionários, e os resultados foram todos negativos, faltando saber o resultado de sete.
Desde o início do surto foram confirmados 138 casos da covid-19 nos Açores, 80 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 45 recuperações (27 em São Miguel, oito na Terceira, cinco em São Jorge e cinco no Pico) e 13 mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (100), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).