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Covid-19: Ordem dos Médicos quer retoma de atividade assistencial nos Açores

LUSA
28-04-2020 19:51h

A Ordem dos Médicos nos Açores disse hoje querer a retoma da atividade assistencial em articulação com as unidades de saúde de ilha, no âmbito do documento do Governo dos Açores para uma "saída segura" da pandemia.

"É um documento genérico, com coisas substancialmente importantes. A nossa principal preocupação em relação ao documento é realmente a retoma da atividade assistencial em segurança e completamente articulada com as unidades de saúde", afirmou a presidente do Conselho Médico da Ordem dos Médicos nos Açores, Isabel Cássio, em declarações à agência Lusa.

A Ordem dos Médicos é uma das entidades a quem o Governo dos Açores pediu para contribuir no roteiro "Critérios Para Uma Saída Segura da Pandemia Covid-19".

Isabel Cássio salientou que a situação dos casos de covid-19 é "completamente diferente" em cada uma das ilhas e em cada uma das especialidades clínicas.

"Também em cada especialidade a situação é diferente. Lembro que em termos de oncologia as coisas mantiveram-se mais ou menos estáveis, enquanto em outras atividades a atividade de rotina foi quase completamente suspensa", disse.

Isabel Cássio defendeu a articulação com cada unidade de saúde e conforme as diferentes especialidades para a criação de um "programa muito prático" que norteie a retoma da atividade assistencial.

"A nossa sugestão é que [a retoma] seja articulada dentro de cada unidade de saúde e dentro de cada unidade de saúde articulada com cada especialidade. De maneira a que se faça um programa muito prático e muito pragmático para retomar aquilo que não se fez durante este tempo", apontou.

A responsável pela Ordem dos Médicos na região deu o exemplo do Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, para destacar que as consultas e as cirurgias programadas foram "substancialmente" suspensas.

Os motivos que levaram a esta suspensão - ter capacidade de resposta aos doentes com covid-19 e a diminuição da afluência aos hospitais - já estão "ultrapassados", segundo Isabel Cássio, uma vez que a capacidade assistencial "nunca foi posta em causa" e que os circuitos entre os doentes estão "completamente definidos".

"Acho que está na altura de fazermos esse plano e de voltarmos a recuperar aquilo que não foi feito, sob pena de nos Açores se estar a passar o mesmo que foi divulgado não só pela escola de saúde publica como pelo estudo da Ordem dos Médicos", alertou.

A Ordem dos Médicos divulgou hoje um estudo científico que aponta que o excesso de mortalidade em Portugal desde o início da pandemia pode chegar aos 4.000 óbitos, ou seja, que a mortalidade aumentou no último mês devido a outras doenças que não a covid-19.

Isabel Cássio indicou ainda que a Ordem dos Médicos dos Açores ainda não emitiu a sua contribuição ao roteiro do Governo dos Açores.

O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, disponibilizou na passada sexta-feira um documento com os critérios para uma "saída segura" da pandemia de covid-19, nas palavras do executivo regional.

O documento irá ser alvo de contribuições de várias associações, entidades e de pessoas individuais que assim pretenderem.

Os Açores estão há seis dias consecutivos sem registar qualquer novo caso de covid-19.

Até ao momento, já foram detetados na região um total de 138 casos, verificando-se 37 recuperados, 11 óbitos e 90 casos positivos ativos para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, sendo 66 em São Miguel, três na ilha Terceira, cinco na Graciosa, dois em São Jorge, nove no Pico e cinco no Faial.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 212 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

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