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Covid-19: Pedro Marques pede “multiplicar por três ou quatro” ambição das medidas da UE

LUSA
24-04-2020 12:37h

O eurodeputado socialista Pedro Marques destacou hoje a “resposta politicamente significativa” do acordo alcançado pelo Conselho Europeu, mas defendeu ser necessário “multiplicar por três ou por quatro” a ambição nas medidas comunitárias de combate à covid-19.

Pedro Marques sublinhou que o acordo alcançado na quinta-feira pelos chefes de Estado europeus é “uma primeira resposta politicamente significativa, porque as instituições europeias responderam solidariamente” e porque rejeitaram “aqueles que defendiam que regressássemos ao espetro das condicionalidades, das 'troikas', da austeridade, em troca desta assistência, através de empréstimos”.

Ainda assim, o socialista considera que é necessária “uma resposta ambiciosa” e que “ela tem de multiplicar por três ou por quatro aquilo que já foi a ambição ontem [quinta-feira] acordada pelos chefes de Estado no Conselho Europeu”.

O eurodeputado, que participava na sessão de abertura jornadas parlamentares que o PS/Açores hoje promove, através da sua página de Facebook, referia-se às medidas anunciadas quinta-feira pelo Conselho Europeu, que encarregou a Comissão Europeia de apresentar urgentemente uma proposta de fundo de recuperação da economia europeia e aprovou o pacote de emergência de resposta à crise acordado há duas semanas pelo Eurogrupo, no montante global de 540 mil milhões de euros.

“Precisamos também, para que essa resposta seja, de facto, ambiciosa e depois não corresponda a um aumento significativo das dívidas dos países, que uma parte dessas transferências sejam não reembolsáveis, o que quer dizer que o orçamento europeu, a médio prazo, tem de se ter um aumento significativo das suas receitas próprias, sob pena de termos de estar a pedir mais contribuições aos estados-membros”, prosseguiu, apontando para a necessidade de “duplicar” o orçamento europeu.

Na opinião de Pedro Marques, também o Banco Central Europeu “vai ter de fazer muito mais”, garantindo “condições adequadas de financiamento dos estados, das entidades empresariais e do próprio setor financeiro” e assegurando a “manutenção de taxas de juro muito baixas” por várias décadas.

Na sessão de abertura das jornadas parlamentares socialistas, que abordam o tema “a resposta da União Europeia à covid-19 e os seus impactos nos Açores”, falou também o líder-parlamentar do partido na Assembleia Legislativa dos Açores, Francisco César, que salientou que a recuperação económica é “um desafio muito maior” para uma região ultraperiférica.

O deputado defende que não se deve “aceitar que os países mais afetados pela crise voltem a perder uma década para recuperar” e que a União Europeia “não pode repetir um erro que acatou custos sociais e económicos, devastadores para o país”, impondo medidas de austeridade.

Ao contrário do que acontece na crise sanitária, para a qual ainda não foi encontrada uma resposta, para a crise económica “a vacina é a solidariedade materializada, por exemplo, na mutualização da dívida, ou num mecanismo semelhante”, e “a cura é a adoção de um fundo de recuperação europeia”, considerou.

Até ao momento, já foram detetados nos Açores um total de 138 casos, verificando-se 20 recuperados, nove óbitos e 109 casos positivos ativos para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, sendo 82 em São Miguel, cinco na ilha Terceira, cinco na Graciosa, três em São Jorge, nove no Pico e cinco no Faial.

Portugal contabiliza 820 mortos associados à covid-19 em 22.353 casos confirmados de infeção, segundo o boletim de quinta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 35 mortos (+4,5%) e mais 371 casos de infeção (+1,7%).

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