SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Cabo Verde recorre a financiamento do FMI para reforçar saúde

LUSA
23-04-2020 10:23h

O financiamento de 32,3 milhões de dólares (30 milhões de euros) do Fundo Monetário Internacional (FMI), para combater os efeitos da pandemia, servirá para reforçar o setor da saúde, anunciou hoje o Governo cabo-verdiano.

Em comunicado, o executivo refere que este finacimaneto, ao abrigo do programa de Facilidade Rápida de Crédito (Rapid Credit Facility – RCF, na sigla em inglês), contará com uma taxa de juro de 0% e permitirá combater os efeitos da pandemia de covid-19 na economia e na sociedade cabo-verdianas.

O objetivo é “por um lado, combater os efeitos da covid-19, mas por outro, tornar o setor mais resiliente e com maior capacidade de resposta, através do reforço do acesso aos cuidados de saúde, aumentando a cobertura para todos e a todas as regiões, com uma qualidade elevada, não deixando ninguém para trás”, afirma o Governo, no mesmo comunicado.

Parte do montante disponibilizado pelo FMI será também canalizado para as medidas que visam a proteção de rendimento das famílias mais pobres, já aprovadas pelo Governo, como o Rendimento Social.

Cabo Verde conta atualmente com 73 casos da covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (52), de Santiago (20) e de São Vicente (1). Um destes casos, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outro dos doentes já foi dado como recuperado.

A crise económica já se sente no arquipélago, dependente do turismo e fechado ao exterior devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, tendo o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, assumido anteriormente a preparação de um novo Orçamento do Estado para 2020, porque o atual “pifou”, e que os custos sociais e económicos da pandemia ascendem a mais de 30 milhões de euros por mês, equivalente a quase 2% do PIB anual do país.

O modelo de financiamento RCF é uma assistência financeira concessional aos países menos desenvolvidos membros do FMI, sendo atribuída a uma taxa de juro de zero por cento (0%) para fazer face às necessidades urgente da balança de pagamentos, sem condicionalismos posteriores.

Este modelo de financiamento, que normalmente é disponibilizado em cerca de 50% da quota do país membro, devido à situação de crise generalizada provocada pela pandemia, foi aumentado pelo Fundo para 100% da quota.

A última previsão do Governo cabo-verdiano aponta para uma revisão do Orçamento do Estado para 2020 com um cenário de défice orçamental que dispara de 2 para 10% do Produto Interno Bruto (PIB), com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica de 4 a 5% do PIB, contra o crescimento anual acima de 5% que se registava até agora.

O quadro do Governo é composto ainda pela duplicação do desemprego, cuja taxa poderá chegar aos 20% e a quebra de 18 mil milhões de escudos (163 milhões de euros) em receitas públicas.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 181 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 593.500 doentes foram considerados curados.

MAIS NOTÍCIAS