A coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, defendeu hoje que a exclusividade no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não deve ser só para os jovens médicos, deve ser estendida aos diretores de serviço dos hospitais.
"A exclusividade é muito importante, sim, mas não deve ser só para os jovens médicos, deve ser, desde logo, para os diretores de serviço que são aqueles que têm competências para distribuir o serviço dos hospitais e, portanto, aqueles que é tão importante que estejam em exclusividade no SNS, para termos a melhor gestão do SNS e o acesso à saúde de toda a população", afirmou a líder do BE.
Catarina Martins, que falava aos jornalistas em Alcaide, no concelho do Fundão, onde se deslocou para visitar o Festival dos Míscaros, realçou que existe um "enorme problema" no SNS com a "promiscuidade entre o público e o privado".
E, neste âmbito realçou que têm sido levados meios financeiros do SNS para os hospitais privados, bem como profissionais de saúde e, nomeadamente, médicos.
"No BE, temos chamado à atenção para isso há muito tempo. E não é por acaso que dissemos sempre que este era o tempo do SNS e que a grande discussão que tínhamos pela frente é o acesso à saúde. Fizemos o caminho para termos uma lei de bases da saúde que permitisse a exclusividade dos médicos e proteger o SNS e o financiamento do SNS. Foi a nossa luta na última legislatura", frisou.
Adiantou ainda que no país há falta de médicos em muitas especialidades: "Temos 50% dos obstetras a trabalhar só no privado e na pediatria, a situação não é muito diferente. E faltam anestesistas em todo o país".
A líder do BE realçou que ao mesmo tempo que se constata esta realidade, existem mil médicos sem especialidade porque não tiveram acesso a formação.
"Por proposta do BE, a Assembleia da República aprovou a abertura de cursos extraordinários de especialidade para que estes médicos tivessem a formação necessária e entrassem no SNS", sublinhou.
Catarina Martins entende que é preciso haver exclusividade no SNS, mas também é necessário formar especialistas porque há concursos que ficam vazios.
"Pensar que a exclusividade resolve o problema sem termos os médicos suficientes, não resolve. É preciso formar os especialistas e abrir os concursos", concluiu.