A ministra da Saúde disse hoje que o laboratório de hemodinâmica criado em Guimarães, e que está fechado há um ano, causa "um amargo de boca" porque está "desgarrado" do planeamento em rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"As redes de diferenciação são para respeitar. Agradecemos a generosidade da sociedade, mas essa generosidade não pode ser desgarrada do planeamento. Situações destas causam-nos amargos de boca porque a iniciativa provavelmente estava fundada nas melhores intenções - ainda que não seja uma iniciativa gratuita nem para o SNS nem para os contribuintes - mas não teve em conta a inserção no planeamento, nem os recursos humanos necessários", disse Marta Temido.
Hoje foi noticiado que o Hospital de Guimarães dispõe de um novo laboratório de hemodinâmica, para a realização de cateterismos, pago por mecenas, que está pronto há um ano, mas permanece fechado a aguardar autorização por parte do Ministério da Saúde.
A rádio TSF noticiou que as obras de construção e apetrechamento daquela nova Unidade de Diagnóstico e Intervenção Cardiológica (UDIC) foram suportadas integralmente pela Liga dos Amigos do Serviço de Cardiologia do Hospital Senhora da Oliveira (HSO) - Guimarães, que reuniu cerca de dois milhões de euros, angariados através de campanhas e peditórios realizados desde 2015 junto de empresas e particulares que contribuíram com donativos.
Marta Temido, que falava aos jornalistas em Gondomar, no distrito do Porto, à margem de uma visita no âmbito do projeto "Saúde Oral para Todos", disse que o processo relativo a este laboratório de hemodinâmica está a ser acompanhado pela tutela desde 2017, tendo apelidado o dossier como "muito complexo".
"A informação que o Ministério da Saúde tem não é exatamente no sentido de terem sido concretizadas doações. O que terá havido foram acordos entre proprietários de casas que se disponibilizaram a colocar equipamento médico pesado, mas contra consumos. A questão da doação tem de ser enquadrada numa faturação futura. O SNS é uma rede e a eficiência dessa rede depende de nós respeitarmos o planeamento que existe", disse a governante.
Marta Temido acrescentou que a rede atual tem referenciado que "o serviço desta tipologia deve estar localizado em Braga" e frisou que "os recursos humanos são escassos".
"Temos de respeitar essa rede e não podemos fazer como alguns países, que não são exemplo, abrir equipamentos grandes, mas sem cuidar de colocar os recursos humanos necessários", concluiu.