O Sindicato Independente do Médicos considerou hoje "incompreensível e lamentável" que a Unidade de Diagnóstico e Intervenção em Cardiologia "pronta a utilizar" no Hospital de Guimarães esteja "há mais de um ano" à espera de autorização para funcionar.
Em declarações à Lusa, o dirigente daquele sindicato Roque da Cunha explicou que a unidade foi criada por mecenas "não tendo custado nada" ao Estado e que o facto de não estar em funcionamento "obriga os pacientes" a serem enviados para outros hospitais, como Braga, Porto ou Coimbra.
Segundo noticiou hoje a TSF, a Liga dos Amigos do Hospital de Nossa Senhora de Guimarães denunciou ter financiado, através de mecenato, a criação daquela unidade há cerca de um ano, com custo superior de dois milhões de euros, sendo que a unidade hospitalar não está autorizada a utilizá-la, por falta de autorização da tutela.
"Há um ano que equipamentos e profissionais estão prontos a intervir. Não se compreende, é incompreensível e lamentável que equipamentos que não tiveram qualquer custo para o Estado não estejam a servir a população. Lamentámos esta situação", disse hoje à Lusa Roque da Cunha.
Segundo o sindicalista, "isto causa enormes constrangimentos à população, principalmente para a realização de cateterismo, uma intervenção para a qual há listas de espera", salientou.
No entanto, Roque da Cunha referiu que "não está em causa o risco de vida das populações que podiam ser servidas por esta unidade, mas não deixa de ser um desperdício ridículo de recursos".
Em declarações à Lusa, a Liga dos Amigos do Serviço de Cardiologia do Hospital de Nossa Senhora de Guimarães, por meio do advogado que a representa, César Machado, lamentou igualmente que "um esforço económico de empresas, da liga e associações, não esteja a ser utilizado".
"A unidade tem os equipamentos, tem profissionais formados e, no entanto, as populações de Guimarães, Fafe, Celorico de Basto, Mondim e Cabeceiras de Basto têm que ir a Porto, Braga ou a Coimbra para poderem usufruir de um serviço que têm no seu hospital de referência", apontou César Machado.
O causídico referiu ainda, a título de exemplo, que "só em 2017 foram requisitados mais de 900 cateterismos pelo Hospital de Guimarães a outras unidades", o que, defendeu, "além de estar a desperdiçar recursos, foi sobrecarregar as outras unidades de saúde de forma despropositada.
Questionado pela Lusa, o ministério da Saúde, através de fonte da Administração Regional de Saúde do Norte, respondeu que "de acordo com a Rede de Referenciação Hospitalar na especialidade Cardiologia de Intervenção e Diagnóstico, os doentes da região são referenciados para o Hospital de Braga".
"O contrato celebrado para a gestão do Hospital de Braga, até 01 de setembro, a funcionar no regime de Parceria Público-Privada e, desde então na esfera pública, encontra-se em análise a reorganização da Rede. A atualização a decorrer permitirá decidir sobre o encaminhamento e receção de doentes na especialidade de Cardiologia de Intervenção e Diagnóstico", referiu a fonte.