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OMS testa esterilização de mosquitos para combater dengue, Zika e malária

LUSA
14-11-2019 19:23h

Uma técnica de esterilização de mosquitos masculinos com radiação será testada em breve como parte de um esforço global para controlar doenças como o dengue, Zika ou malária, anunciou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS explicou, em comunicado, que a Técnica de Esterilização de Insetos (SIT, na sigla em inglês) é uma espécie de contraceção para insetos, num processo que envolve largas quantidades de mosquitos masculinos esterilizados em laboratório e depois libertados.

Como não se conseguem reproduzir, a população de insetos diminui ao longo do tempo, adianta a OMS.

O Programa de Investigação e Formação em Doenças Tropicais (TDR, na sigla em inglês) e a Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA, na sigla em inglês), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês) e a OMS elaboraram um documento com linhas orientadoras para os países que expressaram interesse em testar esta técnica com os mosquitos “aedes”, transmissores destas doenças.

"Metade da população mundial está em risco de dengue. E os esforços atuais para controlar a doença são insuficientes. Precisamos desesperadamente de novas abordagens e esta iniciativa é ao mesmo tempo promissora e entusiasmante", disse Soumya Swaminathan, cientista chefe da OMS.

Nas últimas décadas, a incidência de dengue aumentou dramaticamente devido às alterações climáticas, urbanização desregulada, aumento das viagens e da mobilidade e falta de controlo sustentável dos vetores, segundo a OMS.

Atualmente registam-se surtos de dengue em vários países, nomeadamente no subcontinente indiano, com o Bangladesh a enfrentar o pior surto de dengue desde a primeira epidemia registada no país em 2000.

Desde janeiro, o número de casos atingiu os 92 mil, com admissões diárias de novos doentes a chegarem por vezes às 1.500, e o país já manifestou interesse em experimentar a Técnica de Esterilização de Insetos.

As doenças transmitidas por mosquitos como a malária, dengue, Zika, chikungunya ou febre-amarela representam 17% das doenças infecciosas em todo o mundo, causando mais de 700 mil mortes por ano.

Inicialmente desenvolvida pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, esta nova técnica revelou-se eficaz contra insetos que atacam as colheitas e o gado, nomeadamente a mosca da fruta.

Atualmente é usada no setor agrícola em vários continentes.

"Os países fortemente afetados pela dengue e pelo Zika têm demonstrado interesse em testar esta tecnologia, pois pode ajudar a eliminar os mosquitos que estão a desenvolver resistência aos inseticidas, que também têm impactos negativos no meio ambiente", disse Florence Fouque, cientista do TDR.

O Programa Especial de Investigação e Formação em Doenças Tropicais, é um programa global de colaboração científica para combater as doenças associadas à pobreza.

É copatrocinado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo Banco Mundial e OMS.

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