O PSD/Açores pediu hoje a audição da secretária regional da Saúde a propósito do que o partido considera ser uma desautorização do executivo à Autoridade de Saúde sobre a utilização de máscaras pela população para conter a covid-19.
“O Governo Regional, ao decidir-se pela distribuição de máscaras pela população dos Açores, desautorizou a Autoridade de Saúde Regional, dado que esta última insiste em afirmar que ‘não há evidência científica’ dos benefícios do uso de máscara pela população”, afirmou, citada em comunicado de imprensa, a deputada social-democrata Mónica Seidi, que considera “fundamental” a audição da secretária regional da Saúde, Teresa Luciano, na Assembleia Legislativa dos Açores.
O Governo Regional dos Açores, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, anunciou que iria distribuir cerca de 270 mil máscaras sociais, fabricadas na região, por todos os domicílios do arquipélago, a partir da próxima semana.
Questionado no passado fim de semana pelos jornalistas, o responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, Tiago Lopes, defendeu que a utilização generalizada de máscaras cirúrgicas não seria “das medidas mais eficazes” para combater a covid-19, alegando que a sua má utilização poderia desencadear “um novo foco de contágio”.
Para Mónica Seidi, esta situação revela um “sinal de descoordenação” entre o executivo regional e a Autoridade de Saúde, o que não contribui para a “tranquilização dos açorianos” e desvaloriza o “assinalável esforço que a generalidade da população do arquipélago está a fazer para prevenir a propagação” do novo coronavírus.
A deputada criticou ainda a “forma displicente” como Tiago Lopes se referiu à utilização das máscaras pela população, quer por ter apontando a “falta de cultura” dos açorianos para a utilização das máscaras, quer por ter contrariado a recomendação do Conselho de Escolas Médicas, que defende a utilização daquele equipamento pela população.
O PSD avançou também que é necessário perceber “detalhadamente” a estratégia de rastreio à covid-19 nos profissionais de saúde do arquipélago.
"É preciso perceber se o Governo pretende alargar o rastreio às outras instituições do Serviço Regional de Saúde e não apenas no HDES [Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, São Miguel], ou se só vai atuar após surgirem casos positivos", aponta.
Ao todo foram já detetados casos positivos de covid-19 em seis utentes e 13 profissionais de saúde do HDES, três dos quais na sequência de viagens ao exterior (dois deles, entretanto, recuperados).
Desde o início do surto foram confirmados 106 casos de covid-19 nos Açores, dos quais 87 estão ativos, tendo ocorrido 14 recuperações (seis na Terceira, quatro em São Miguel, três em São Jorge e uma no Pico) e cinco mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos até ao momento (69), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (quatro).
Portugal regista 657 mortos associados à covid-19 em 19.022 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.