SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Hospital de Ponta Delgada poderá rever plano de contingência se tiver mais casos

LUSA
17-04-2020 20:38h

O responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores admitiu hoje a necessidade de rever o plano de contingência do hospital de Ponta Delgada, consoante o número de casos positivos de covid-19 que possam surgir nos próximos dias.

“Se no âmbito do trabalho que está a ser feito e noutros serviços em que os profissionais e utentes ainda não tenham sido testados, forem identificados novos casos positivos, aí sim, claro, temos de tomar outro tipo de medidas e rever o plano de contingência do hospital”, adiantou Tiago Lopes, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre o surto de covid-19 no arquipélago.

A Autoridade de Saúde Regional está ainda a aguardar os resultados de 521 análises a casos suspeitos, muitos deles relacionados com um rastreio a utentes e profissionais de saúde, que está a ser feito no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, onde foi detetada uma cadeia de transmissão local, que vai englobar mais de 1.000 pessoas.

Hoje foi detetado um novo caso positivo de infeção pelo novo coronavírus num utente do hospital, um homem com 56 anos, internado na unidade de saúde, que estará relacionado com a cadeia de transmissão, iniciada na Povoação, que envolve já mais de 30 pessoas.

“É um caso que está relacionado com a cadeia de transmissão secundária do Hospital do Divino Espírito Santo e que faz parte daqueles casos que já tinham sido testados e tiveram resultado negativo”, revelou Tiago Lopes.

No serviço de urgências, onde foi confirmado, esta quinta-feira, um caso positivo de covid-19 num profissional de saúde não relacionado com a cadeia de transmissão do hospital e cuja origem da infeção ainda não foi identificada, não foram detetados, até ao momento, novos casos.

“Os restantes elementos da equipa de profissionais de saúde que ali exercem e os utentes têm sido testados e não temos tido mais resultados positivos”, salientou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.

Vários dos cerca de 200 profissionais de saúde do Hospital do Divino Espírito Santo que estavam em quarentena estão também já aptos a regressar ao trabalho, o que poderá fazer com que seja reaberto o serviço de medicina 1, o único na unidade de saúde que tinha sido encerrado.

Ao todo foram já detetados casos positivos de covid-19 em seis utentes e 13 profissionais de saúde do hospital, três dos quais na sequência de viagens ao exterior (dois deles entretanto recuperados).

Entre os casos suspeitos à espera de resultado, há 160 do Pico, Graciosa, São Jorge, Santa Maria e Flores, ilhas sem hospital, onde não há casos registados ou não existem novos casos há mais de uma semana.

Segundo Tiago Lopes, este maior volume de análises está relacionado com o rastreio, já que alguns doentes do hospital de Ponta Delgada regressaram entretanto à sua ilha de origem, e com o facto de os doentes oncológicos serem agora testados antes de iniciarem os seus tratamentos.

Ainda assim, o responsável da Autoridade de Saúde Regional reiterou que o facto de não se terem registado novos casos em várias ilhas, há algum tempo, “não significa que estará tudo efetivamente controlado”.

“Da parte da população, importa que não saia de casa de forma mais descansada, porque efetivamente não podemos dizer que já estamos numa fase descendente da curva, por mais plana que possa ser. Não podemos dizer que já ultrapassámos a fase pior do surto na região”, sublinhou.

Questionado sobre o facto de os Açores terem o dobro do número de casos registados na Madeira, Tiago Lopes disse que a região está “a testar num nível bastante acima da média”, tendo identificado desde o início do surto 3.125 casos suspeitos.

“Estamos a testar, a testar, a testar, conforme as orientações da OMS [Organização Mundial de Saúde]. Estamos ainda a ir para lá disso e a ir de encontro daquilo que o próprio Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças afirma, que é testar, pese embora não existam sinais ou sintomas de infeção”, apontou.

Desde o início do surto foram confirmados 106 casos de covid-19 nos Açores, dos quais 87 estão ativos, tendo ocorrido 14 recuperações (seis na Terceira, quatro em São Miguel, três em São Jorge e uma no Pico) e cinco mortes (em São Miguel).

A ilha de São Miguel é a que registou mais casos até ao momento (69), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (quatro).

Entre os 87 casos ativos, 20 estão internados nos três hospitais da região e no Centro de Saúde do Nordeste, quatro dos quais em cuidados intensivos.

MAIS NOTÍCIAS