O bastonário da Ordem dos Dentistas reconhece que melhorou o acesso da população aos cuidados de saúde oral, mas diz que ainda há um caminho a fazer, concretizando o alargamento dos cheques-dentista às crianças a partir dos dois anos.
“Há uma melhoria na acessibilidade da população aos cuidados de medicina dentária. A responsabilidade diria que também resulta do projeto de inserção da medicina dentária em centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde (…), mas há um longo caminho a percorrer porque há ainda cerca de 30% da população que não tem acesso a cuidados de saúde oral”, afirmou Orlando Monteiro da Silva.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas considera de importância fundamental avançar com a medida anunciada de alargar o programa dos cheques-dentista às crianças a partir dos dois anos, frisando que se verificou que “são muito as crianças, por via das famílias, que têm dificuldade no acesso a cuidados de saúde oral e medicina dentária”.
“Assiste ao Estado uma responsabilidade na divulgação e publicitação institucional desta medida e na publicitação da utilização do cheque-dentista porque vemos noticias de que os ‘vouchers’ não são utilizados e isso – e sei do que falo - não é de certeza porque as pessoas não necessitem ou não procurem, é sim por motivos de organização ou por serem distribuídos num tempo que não é adequado”, defendeu.
Segundo o Barómetro da Saúde Oral 2019, hoje divulgado, 67,7% dos menores de seis anos nunca visitam o médico dentista, uma situação que o bastonário espera que “mude radicalmente” com o alargamento do programa.
“Há um percurso a fazer com verdadeiros seguros de saúde, e não planos de saúde, como por vezes se ouve falar, pois esses planos de pouco ou nada servem”, acrescentou.
Na semana passada, a Direção-Geral da Saúde reconheceu que as famílias com crianças com menos de 7 anos já não conseguem obter cheques-dentista porque esgotou o 'plafond' de 28 mil vales autorizados para este ano.
A este respeito, o bastonário afirmou: “Não é admissível que crianças que têm dores, infeção, que estão a faltar a escola, que se estão a alimentar mal ou que estão a perder peso por via de problemas ligados à saúde oral não tenham resposta adequada. Temos de assegurar que estas crianças tenham a devida resposta”.
Questionado sobre a entrada em funcionamento do alargamento do programa dos cheques-dentista às crianças a partir dos dois anos, Orlando Monteiro da Silva respondeu: “Esperemos que o secretário de Estado António Sales, que vai ao congresso dos médicos dentistas, possa na altura anunciar (…) em concreto quando é que as crianças portuguesas podem começar a ter acesso a esta medida. É urgente que tal aconteça”.
Na sexta-feira arranca o congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, durante o qual vai ser apresentado o Barómetro da Saúde Oral 2019, que entre outras conclusões diz que mais de 30% dos portugueses não vão ao dentista ou só o fazem em caso de urgência.