O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e seus parceiros informam hoje que intensificam a resposta de emergência para prevenir o novo coronavírus junto das populações indígenas venezuelanas em situação de refúgio no Brasil.
Em comunicado, a agência das Nações Unidas informou que organiza a distribuição de bens de emergência na região norte e nordeste do país, onde está grande parte dos indígenas venezuelanos refugiados, e realiza ações de disseminação de informação sobre prevenção da doença, incluindo boletim de saúde em quatro idiomas.
No total, estima-se que aproximadamente quatro mil indígenas venezuelanos vivam atualmente no Brasil, a maioria das etnias Warao e Eñepá.
Esses grupos estão presentes em diversos estados brasileiros devido à situação económica e política na Venezuela, com maior concentração em Roraima, Amazonas e Pará.
“Desde o início de março, 264 pessoas indígenas da etnia Warao foram realocadas para locais mais seguros e com melhores condições de higiene em Manaus [no Amazonas], esforços que também irão acontecer em Belém [no Pará]. As novas instalações para indígenas estão recebendo unidades habitacionais do ACNUR, e as realocações irão continuar nas próximas semanas, com projeção de beneficiar cerca de mil pessoas”, frisou a agência para os refugiados.
Nos abrigos que acolhem a população indígena venezuelana em Roraima, Amazonas e também nas cidades de Belém e Santarém, ambas no estado do Pará, o ACNUR distribuiu cerca de 4,3 mil artigos de assistência de emergência para limpeza, incluindo álcool gel, redes para dormir e colchões.
O ACNUR informou que coordena juntamente com parceiros da sociedade civil dois abrigos com mais de mil pessoas das etnias Warao e Eñepa em Roraima, e presta assistência a quatro comunidades indígenas em território brasileiro da etnia transfronteiriça Pemon-taurepang, localizadas na região de Pacaraima, cidade na fronteira do Brasil com a Venezuela.
Em coordenação com autoridades locais, o ACNUR destacou que tem fornecido assessoria técnica para a elaboração de planos de contingência estaduais e municipais, bem como protocolos de atendimento e acesso a serviços básicos, como abrigo, alimentação, serviço hospitalar e segurança sanitária para os indígenas.
No Rio Grande do Norte, estado localizado no nordeste do Brasil, o Comité Estadual Intersetorial de Atenção aos Refugiados, Apátridas e Migrantes (Ceram) apoiou a implementação de medidas concretas para proteger e integrar essa população nas áreas de residência, alimentação e saúde.
“O ACNUR reconhece que as ações do Ceram são uma clara demonstração da capacidade técnica e da boa vontade do estado do Rio Grande do Norte de proteger e integrar essa população”, destacou o representante da agência no Brasil, José Egas.
Egas acrescentou que, para combater a pandemia de forma efetiva, “todas e todos devem estar inclusos nos planos de resposta”: “Não podemos deixar ninguém para trás”.
O Brasil ultrapassou a barreira dos três mil novos casos diários do novo coronavírus, registando o número recorde de 3.058 infetados e 204 mortos na quarta-feira.
Além do número recorde de novos casos num único dia, o país sul-americano registou um aumento de 13% nas vítimas mortais, de 1.532 para 1.736, enquanto o número de infetados cresceu 12%, de 25.262 para 28.320 casos confirmados.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.