A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu hoje o papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) na luta contra a pandemia de covid-19 durante uma teleconferência dos sete países mais ricos do mundo (G7) convocada pelos Estados Unidos (EUA).
“A chanceler destacou que a pandemia só pode ser superada com uma resposta internacional forte e coordenada", informou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, num comunicado divulgado após a reunião convocada formalmente por Washington, que ocupa a presidência rotativa do G7.
Na mesma nota, o porta-voz alemão indicou que Angela Merkel frisou que a OMS desempenha um papel essencial nessa resposta internacional, elencando também o trabalho de outros atores internacionais, como a Coligação para a Inovação na Preparação contra Epidemias (CEPI), a Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI) e o Fundo Global de Combate à SIDA, Tuberculose e Malária (GFATM).
A teleconferência dos líderes do G7, que foi centrada na pandemia de covid-19, acontece poucos dias depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado a suspensão da contribuição financeira dos EUA para a OMS.
Na quarta-feira, Steffen Seibert já tinha expressado o apoio “explícito” de Berlim à OMS, tendo recordado o compromisso da Alemanha para com o multilateralismo, no qual a organização em questão é um “instrumento muito relevante”.
Trump anunciou na terça-feira que vai suspender a contribuição financeira do país para a OMS, justificando a decisão com a "má gestão" da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
"Ordeno a suspensão do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus", disse o líder norte-americano.
Donald Trump, que falava aos jornalistas na Casa Branca, em Washington, referiu na altura que os EUA contribuem com "400 a 500 milhões de dólares por ano" (entre 364 e 455 milhões de euros) para a OMS, em oposição aos cerca de 40 milhões de dólares (mais de 36 milhões de euros), ou "ainda menos", que disse ser o investimento da China naquela organização.
A decisão norte-americana foi imediatamente criticada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que sublinhou que este "não é o momento de reduzir o financiamento das operações" da OMS ""ou de qualquer outra instituição humanitária que combata o vírus" SARS-CoV-2.
Já o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou ter confiança de que outros países poderão preencher a lacuna financeira que será criada com a decisão norte-americana.
Os EUA eram, até à data, um dos principais contribuintes da OMS, juntamente com a China, Japão, Alemanha e Reino Unido.
O G7 é composto pela Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
O surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.