A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras denunciou hoje que o hospital que gere no oeste do Iémen ficou danificado num recente ataque, tendo sido forçada a encerrar aquela unidade hospitalar e a transferir os doentes para outras instalações.
Militares das forças governamentais iemenitas culpam os rebeldes Huthis pelo ataque ocorrido na quarta-feira, indicando que a ação militar realizada com ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados) e com recurso a mísseis atingiu vários edifícios, nomeadamente armazéns utilizados para guardar armamento, localizados perto do hospital.
As mesmas fontes governamentais relataram grandes explosões, avançando ainda que o ataque matou pelo menos oito pessoas.
Num comunicado, a Médicos Sem Fronteiras (MSF) precisou que não foram registados mortos ou feridos entre os doentes do hospital, acrescentando que as pessoas que estavam hospitalizadas foram, entretanto, transferidas para outras unidades de saúde na cidade de Mocha, na costa do Mar Vermelho.
“Os doentes fugiram após uma enorme explosão provocada por um ataque com mísseis contra um armazém de armas", relatou, em declarações à agência norte-americana Associated Press, Abdel-Rahman Ahmed, um dos médicos do hospital gerido pela ONG.
Segundo a MSF, o hospital agora encerrado estava a funcionar desde agosto de 2018 e prestava cuidados médicos gratuitos a feridos de guerra, incluindo cirurgias.
Após cinco anos de guerra, o Iémen continua a ser um país dividido e cenário de uma das maiores crises humanitárias no mundo, incluindo situações de fome, segundo a ONU.
O Iémen é palco de uma guerra desde 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi.
Desde março de 2015, as forças governamentais são apoiadas por uma coligação militar internacional árabe, cujo principal pilar tem sido a Arábia Saudita.
O conflito já matou pelo menos 100 mil pessoas, combatentes e civis, segundo uma organização norte-americana especializada na análise de dados relativos a conflitos armados (Armed Conflict Location and Event Data Project).
A guerra já causou cerca de 3,3 milhões de deslocados e, segundo a ONU, pelo menos 24,1 milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da população iemenita, precisam de assistência.