O Sindicato da Construção de Portugal indicou hoje que no setor existem mais de 400 mil trabalhadores e que menos de 10% fizeram o teste de despiste da covid-19, apelando à intervenção do Governo para evitar "milhares de infetados".
“Na fileira da construção há mais de 400 mil trabalhadores e nem 10% dos trabalhadores fizeram o teste. O setor não pode continuar assim, por isso deve haver uma intervenção conjunta entre a ACT [Autoridade para as Condições de Trabalho] e as autoridades sanitárias em cada concelho”, indicou, em comunicado, o sindicato.
Para o sindicato, só devem continuar em funcionamento obras nas quais sejam aplicados testes aos trabalhadores “à segunda e à sexta-feira” e não apenas a medição da temperatura.
O Sindicato da Construção de Portugal lembrou que 40% dos trabalhadores do setor são clandestinos, tendo assim milhares de trabalhadores ficado “numa situação muito vulnerável”, uma vez que não tinham contrato nem descontavam para a Segurança Social, ficando assim excluídos do regime de ‘lay-off’ (redução de horário ou suspensão do contrato) simplificado e “do fundo de desemprego”.
Posto isto, a estrutura sindical apelou à ministra da Saúde, Marta Temido, para que tome medidas e avance com equipas no terreno porque, “cada dia que passa a situação piora dadas as condições” de trabalho.
“Dada a dimensão da obra, os testes devem já começar a ser feitos nas barragens do Alto Tâmega onde existem muitos trabalhadores espanhóis a trabalhar com portugueses”, defendeu.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Portugal regista 599 mortos associados à covid-19 em 18.091 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 32 mortos (+5,6%) e mais 643 casos de infeção (+3,7%).
Das pessoas infetadas, 1.200 estão hospitalizadas, das quais 208 em unidades de cuidados intensivos, e 383 foram dadas como curadas.
Portugal está em estado de emergência desde 19 de março, que deverá ser renovado esta semana por um novo período de 15 dias.