O Governo chinês disse hoje ter havido um "mal-entendido", depois de o embaixador da China em França ter sido convocado pelo ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, por ter criticado a resposta do Ocidente à pandemia.
"A China nunca fez comentários negativos sobre como a França está a lidar com a epidemia e não tem intenção de fazê-lo", disse Zhao Lijian, porta-voz da diplomacia chinesa, em conferência de imprensa.
A embaixada chinesa em Paris publicou este fim de semana um artigo no seu portal oficial, em francês e em mandarim, intitulado "Restaurando factos distorcidos - Observações de um diplomata chinês em Paris".
No texto, não assinado, os ocidentais são acusados de denegrirem injustamente a China, depois de terem classificado o novo coronavírus como uma "gripe", no início do surto.
Jean-Yves Le Drian expressou, na terça-feira, a sua "desaprovação" ao embaixador Lu Shaye, enfatizando que alguns comentários "não estão de acordo com a qualidade do relacionamento bilateral", segundo o ministério dos Negócios Estrangeiros de França.
O artigo da embaixada afirmou, em particular, que os profissionais que trabalham em "lares de idosos abandonaram os seus postos da noite para o dia (...) deixando os idosos a morrer de fome e da doença".
O uso do acrónimo "Ehpad" (estabelecimento de acomodação para idosos dependentes), usado em França, sugere que a embaixada evocou a situação no país europeu.
A embaixada disse na rede social Twitter, na terça-feira, que se referiu a Espanha, onde o exército encontrou pessoas mortas em lares, no final de março.
"Esperamos que o lado francês acabe com esses mal-entendidos", ressaltou o porta-voz chinês.
A embaixada também atacou parlamentares franceses que assinaram um documento que pede a reintegração de Taiwan na Organização Mundial da Saúde (OMS).
A ilha, que a China considera parte do território chinês, teve estatuto de observadora até 2016.
Zhao Lijian justificou o artigo da embaixada pela necessidade de responder às "notícias falsas" divulgadas por "certos meios de comunicação" e os "chamados especialistas e políticos ocidentais" que, em particular, fizeram "críticas infundadas à cooperação entre os dois países na luta contra a epidemia".