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Covid-19: Governo da Madeira tem difícil posição de mediar saúde e economia - José Manuel Rodrigues

14-04-2020 18:01h

O presidente do parlamento madeirense considerou hoje que o Governo Regional tem como desafio, no contexto da pandemia de covid-19, mediar a tensão entre os setores da saúde e da economia, uma tarefa que reconheceu como difícil.

“Devo dizer que não é fácil estar na posição do Governo Regional perante estas duas forças em tensão”, disse José Manuel Rodrigues à agência Lusa.

O responsável pelo principal órgão de governo próprio da Madeira sublinhou que o executivo “balança e tem de mediar dois interesses: o da saúde pública, com o Serviço Regional de Saúde e as autoridades de saúde a quererem manter as medidas de confinamento e distanciamento social, e o interesse económico das empresas e trabalhadores, que querem rapidamente reabrir e retomar a sua atividade”.

José Manuel Rodrigues, do CDS-PP – partido com o qual o PSD teve de se coligar em 2019 para garantir a continuidade da governação na região -, elogiou o executivo madeirense por ter adotado “no devido tempo um conjunto de medidas restritivas que impediram a propagação do vírus na Madeira”.

Entre estas, apontou como “a mais emblemática” o pedido do encerramento do Aeroporto da Madeira, que “não foi possível devido a questões nacionais e europeias”.

“Ainda antes do estado de emergência, houve um conjunto de medidas, designadamente a quarentena, para travar a propagação deste vírus”, apontou, acrescentando que o arquipélago esteve na “dianteira” ao decretar a “quarentena nos serviços, com a ilha do Porto Santo, encerramento das escolas, estabelecimentos comerciais e toda a atividade económica não essencial”.

No entender de José Manuel Rodrigues, o executivo liderado por Miguel Albuquerque “esteve bem nesta matéria” e estas medidas tiveram apoio “unânime em todos os partidos políticos”.

“Entrámos numa segunda fase, em que, perante o facto de haver alguns dias sem casos positivos - não quer dizer que não venhamos dentro de alguns dias a ter novos casos –, há uma tendência natural das pessoas - e sobretudo daquelas que têm a sua atividade parada (caso das empresas e dos trabalhadores) - a tentar retomar essas atividades”, admitiu.

Contudo, destacou, o presidente do executivo madeirense tem repetido que as decisões serão tomadas tendo como premissa que “serão sempre primeiro as pessoas e depois a economia, até porque não há economia sem pessoas”.

“Portanto, parece que no próximo sábado, o Conselho do Governo Regional vai decidir e, se até lá não houver nenhum acontecimento extraordinário, irá reabrir lentamente, de forma gradual e progressiva, alguma atividade”, acrescentou.

Entre os setores que poderão começar a laborar, referiu a “construção civil e o comércio, sempre com as precauções que têm de ser tomadas”.

José Manuel Rodrigues aplaudiu a medida do governo madeirense de distribuir máscaras por toda a população, “seguindo o exemplo dos países europeus e asiáticos que contiveram, apesar de tudo, a contaminação deste vírus”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).

Na Madeira, o Instituto da Administração da Saúde da região reportou 51 casos de infetados na segunda-feira e dois recuperados.

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