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UNITA condena com “repulsa” ataques contra africanos na China

14-04-2020 17:58h

A UNITA, maior partido da oposição de Angola, condenou e repudiou "com a maior repulsa" atos de chineses contra africanos residentes na China devido à covid-19.

Em comunicado, o Comité Permanente da Comissão Política da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) considera "ignóbeis atos atentatórios à dignidade da pessoa humana" os relatos de desavenças, "alguns graves", entre chineses e membros da comunidade africana no país asiático.

A UNITA apelou ao executivo de Angola que tome todas as medidas necessárias de proteção e segurança das vidas dos angolanos que, por diversos motivos, estejam, neste momento, na China.

A segunda força política de Angola solidarizou-se com o conteúdo da carta de protesto dos embaixadores africanos, em Pequim.

"Com o mesmo propósito, incitar o executivo do nosso país a uma urgente concertação, no quadro da União Africana, tendo em vista a tomada de uma firme posição comum que ponha cobro, e já, a esta crueldade dos chineses contra os africanos", refere a UNITA no comunicado.

O maior partido da oposição angolana reforça que se este quadro prevalecer na China, "vai prejudicar dramaticamente os colossais interesses entre a República Popular da China e África, relações que se querem adultas e mutuamente vantajosas".

A UNITA recorda que aquele país asiático desempenhou um papel ativo de solidariedade para com o movimento nacionalista africano nas décadas de 1960 e 1970 do século XX e é-lhe !grata por ter beneficiado desta veia progressista da República Popular da China".

De acordo com o comunicado, o relacionamento sino-africano conheceu depois desenvolvimentos que levam chineses a estabelecerem-se em África e africanos a residir na China, movidos por interesses individuais, coletivos ou de representação de Estados.

Autoridades africanas confrontaram publicamente a China por alegados maus-tratos a cidadãos africanos em Cantão, que os Estados Unidos dizem também terem visado afro-americanos.

De acordo com a Associated Press (AP), houve relatos de africanos que dizem ter sido afastados e discriminados num centro comercial devido ao medo do novo coronavírus.

A AP alude também a um alerta de segurança da embaixada dos EUA na China, emitido este sábado, que dá nota de que "a polícia ordenou que bares e restaurantes não atendessem clientes que pareçam ser de origem africana" e que as autoridades locais determinaram a realização de testes obrigatórios e 'auto quarentena' para "qualquer pessoa com contactos africanos".

A embaixada denunciava ainda que algumas empresas e hotéis se recusam a fazer negócios com afro-americanos, em resposta ao aumento das infeções na cidade chinesa de Cantão (Guangzhou), a norte de Macau e Hong Kong.

Diplomatas africanos reuniram-se com responsáveis pelo Ministério das Relações Exteriores da China para expressar "preocupação e condenação das experiências perturbadoras e humilhantes" às quais os seus "cidadãos foram submetidos", revelou a embaixada da Serra Leoa em Pequim, num comunicado difundido na sexta-feira.

Pelo menos 14 cidadãos de Serra Leoa foram colocados em quarentena obrigatória por 14 dias, segundo o comunicado.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse na quinta-feira aos jornalistas que a prioridade na China é impedir "importações [do vírus] do exterior" e reconheceu que "pode haver alguns mal-entendidos na implementação de medidas".

Contudo, disse Zhao, a China "trata todos os estrangeiros igualmente".

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