O Hospital de Valpaços, propriedade da Santa Casa da Misericórdia local, quer dirigir-se para o setor social e ser complementar ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) nas especialidades com respostas mais demoradas na região, disse hoje o provedor.
"Privilegiaremos as áreas da oftalmologia, ortopedia e urologia. No entanto, estamos abertos a trabalhar em articulação com os conselhos de administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Unidade Local de Saúde do Nordeste, no sentido de se buscarem as melhores soluções que vão de encontro às necessidades das pessoas", adiantou à Lusa o provedor da SCM de Valpaços, Altarimo Claro.
Para o responsável por este hospital no distrito de Vila Real, que reabriu na segunda-feira após estar encerrado cerca de oito anos, "o setor social deve ser complementar ao Serviço Nacional de Saúde", devendo o hospital procurar ter “maior incidência nas especialidades médicas com respostas mais demoradas nos hospitais públicos da região".
A reabertura do hospital resulta de um investimento superior a quatro milhões de euros suportado em partes iguais pela SCM e pelo município local, acrescentou.
Encerrado desde 2011, o Hospital de Valpaços reabriu na segunda-feira disponibilizando fisioterapia e análises clínicas e Altamiro Claro espera ver disponíveis nos próximos 15 dias as consultas de especialidade.
O provedor disse querer ter o hospital a funcionar com todas as valências previstas nos primeiros meses de 2020.
"Queremos que todo o processo de abertura decorra de uma forma faseada e com sustentabilidade. Já abrimos a Unidade de Medicina Física e de Reabilitação (fisioterapia) e as análises clínicas e esperamos brevemente iniciar as consultas de especialidade, pois este é um processo evolutivo muito dependente dos licenciamentos", explicou Altamiro Claro.
Atualmente em processo de obtenção de todas as "certificações legais e os respetivos licenciamentos", o provedor da SCM de Valpaços destaca os acordos já conseguidos.
"O hospital já tem acordos com os ministérios da Saúde e da Solidariedade Social para a unidade de cuidados continuados e vai também colocar ao serviço das pessoas todas as valências indispensáveis a um hospital moderno: consulta externa, internamento, bloco operatório, imagiologia, análises clínicas e serviço de apoio permanente (SAP)", apontou.
Tratando-se de um hospital de uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) - a Misericórdia de Valpaços -, Altamiro Claro explicou que há um "memorando de entendimento" com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) quer para "levantar a suspensão do acordo de radiologia, quer para integrar o Hospital de Valpaços na dotação global que existe com o Grupo Misericórdias Saúde".
No dia da reabertura do hospital foram estabelecidas "bases de cooperação futura" numa reunião com o presidente do conselho de gestão do Grupo Misericórdias Saúde, Manuel de Lemos.
"A par desta cooperação temos já acordos em vigor para a fisioterapia e a Unidade de Cuidados Continuados, assim como convenções com várias entidades públicas e privadas", garantiu.
O provedor da SCM de Valpaços lembrou ainda que "o corpo clínico encontra-se praticamente constituído e conta com profissionais competentes nas várias especialidades médicas", mas salientou que, não sendo "um processo fechado", há disponibilidade para "receber a colaboração de profissionais que se enquadrem no espírito e na missão desta unidade hospitalar do setor social".