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Covid-19: Bancos centrais foram "primeira linha de defesa" da estabilidade financeira - FMI

14-04-2020 17:12h

O FMI considerou hoje que os bancos centrais estiveram na "primeira linha de defesa" face às consequências da covid-19 e que continuarão cruciais na salvaguarda da estabilidade financeira global, mas pede ações concertadas com a política orçamental.

No Relatório de Estabilidade Financeira Global, hoje divulgado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o sistema financeiro mundial foi severamente impactado pelo surto da covid-19, desde logo visível na queda dos valores dos ativos (ações, dívida, etc.), mas que houve medidas que mitigaram os problemas e permitiram alguma estabilidade nos mercados financeiros e de financiamento.

Na "primeira linha de defesa" da estabilidade financeira estiveram os bancos centrais, considera a instituição sediada em Washington, com a redução de taxas de juro e concessão de liquidez ao sistema financeiro (através de grandes compras de dívida pública e privada, como fez o Banco Central Europeu), ajudando a manter o fluxo de crédito para a economia.

Até ao momento, os bancos centrais já aumentaram os seus balanços em cerca de seis biliões de dólares.

Contudo, alerta, persiste o risco de a intensificação da crise pôr em causa a estabilidade financeira global, expondo as vulnerabilidades financeiras que se intensificaram nos últimos anos, num ambiente de taxas de juro extremamente baixas.

De futuro, os bancos centrais continuarão a desempenhar um papel crucial na salvaguarda da estabilidade financeira global e na manutenção do crédito.

Contudo, avisou o FMI, esta crise não é só de liquidez, mas sobretudo de solvência, face a uma significativa paralisação da economia, pelo que também a “política orçamental tem um papel vital a desempenhar”.

Assim, defendeu uma ação conjunta de políticas monetárias, orçamentais e financeiras para amortecer o impacto do choque da covid-19 e garantir uma recuperação estável e sustentada após a pandemia estar sob controlo.

Considerou também essencial que os países estejam coordenados e que haja um apoio aos países mais vulneráveis (caso dos países emergentes e em desenvolvimento, a viver a “tempestade perfeita”), para restaurar a confiança do mercado e conter os riscos para a estabilidade financeira.

Quanto aos bancos, considerou o FMI que estão hoje mais resilientes, com mais capital e liquidez. No entanto, a sua resiliência pode ser posta em causa caso haja uma forte e prolongada desaceleração da atividade económica, pondo também em causa o financiamento à economia, o que amplificaria a crise.

A isto soma-se o facto de os bancos também terem de fazer face à deterioração do valor dos seus ativos (crédito, imóveis) e da baixa rentabilidade de alguns significar que têm menos capacidade para assumir perdas.

Para o FMI, os reguladores e supervisores banacários devem encorajar os bancos a tomarem medidas mitigadoras, como negociarem créditos com clientes e terem planos de reestruturação.

O FMI previu hoje que a economia mundial tenha uma recessão de 3% este ano, fruto do apelidado “Grande Confinamento” devido à pandemia de covid-19. Para Portugal, a recessão prevista é de 8,0% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

O continente europeu, com mais de 962 mil infetados e cerca de 80 mil mortos, é o que regista o maior número de casos.

Portugal regista hoje 567 mortos associados à covid-19, mais 32 (6%) do que na segunda-feira, e 17.448 infetados (mais 514), indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

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