O BE propôs hoje a criação de um fundo europeu de recuperação económica “concretizável sem austeridade” que poderá financiar Portugal até 30 mil milhões de euros, uma proposta que será enviada ao Governo para que seja discutida no Conselho Europeu.
Em conferência de imprensa virtual, os dois eurodeputados do BE, Marisa Matias e José Gusmão, apresentaram as linhas gerais da proposta para este fundo, o único instrumento que “ficou em aberto” da última reunião do Eurogrupo para resposta à crise pandémica da covid-19 e que consideraram “um fracasso”.
Assim, segundo Marisa Matias, o BE trabalhou numa proposta que vai apresentar ao Governo com o objetivo de que esta seja tida consideração no Conselho Europeu da próxima semana, dia 23 de abril, que vai discutir este fundo de recuperação económica.
“O Bloco de Esquerda apresenta uma proposta de fundo de recuperação que é concretizável sem austeridade. Trata-se de uma proposta de um fundo de 750 mil milhões de euros até 1,47 biliões de euros, dependendo da recessão que tivermos em 2020”, explicou.
Segundo as contas dos bloquistas, trata-se de um fundo que “poderá permitir financiar Portugal até 30 mil milhões de euros, ou seja, cinco a sete vezes mais do que aquilo que é permitido no quadro do mecanismo europeu de estabilidade”.
“Esta é uma medida diferenciada e importante em relação à que foi proposta pelo Eurogrupo porque estamos a falar de um fundo de financiamento a taxas de juro muito perto de zero, com pagamento de amortizações até 80 anos e com uma dívida que se vai desvalorizando ao longo do tempo pela inflação”, detalhou.
A eurodeputada do BE assegurou ainda que “este fundo pode operar no quadro legal existente, aproveitando a capacidade de emissão monetária do Banco Central Europeu”, insistindo que “não necessita de recorrer a políticas de austeridade”.
“Apresentaremos esta proposta ao Governo porque do lado das respostas europeias ou temos uma resposta dentro das capacidades todas disponíveis ou então estaremos a prepararmos não só para uma crise sem um plano de recuperação económica à altura e para mais medidas de austeridade, que como sabemos não podemos suportar”, advertiu.