A Associação Moçambicana de Economistas considerou hoje incerta a execução do Orçamento do Estado (OE) de 2020, devido ao impacto do novo coronavírus, defendendo a proteção das famílias mais vulneráveis.
A Assembleia da República de Moçambique debate quarta-feira e quinta-feira as propostas do Plano Económico e Social (PES) e do OE de 2020.
O diretor executivo da Associação Moçambicana de Economistas (Amecon), Naimo Faquirá, disse à Lusa que os dois documentos foram elaborados num contexto de incerteza, devido à pandemia da covid-19, o que coloca desafios à sua execução.
"É um orçamento que surge numa situação de incerteza, num país que vem de crise e que tem muitas debilidades, tudo isso somado torna a incerteza maior", afirmou Naimo Faquirá.
O facto de o Governo ter revisto o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 4,8% para 2,2%, é um sinal claro de que as contas públicas enfrentam um quadro de grande volatilidade, acrescentou Faquirá.
"A covid-19 criou uma situação nova, que nos obriga a tatear o que vai acontecer, a conjuntura interna e internacional é de grande incerteza e ninguém sabe como isto vai terminar", insistiu o diretor executivo da Amecon.
Naimo Faquirá defendeu que o Estado deve assegurar a proteção das famílias mais pobres, mas reconheceu que as restrições orçamentais vão impedir um apoio mais forte às áreas sociais.
Faquirá assinalou a necessidade de uma maior comparticipação e solidariedade, apontando, em particular, o dever de maior sacrifício por parte dos bancos, porque o setor financeiro é o que mais se tem beneficiado em momentos de expansão da economia.
A proposta do OE para 2020 prevê uma despesa de pouco mais de 345,3 mil milhões de meticais (4,7 mil milhões de euros), uma receita de 235,5 mil milhões de meticais (3,2 mil milhões de euros) e um défice de 109,7 mil milhões de meticais (1,49 mil milhões de euros).
O executivo conta com o recurso a crédito e donativos para o suprimento do défice.
Moçambique tem 21 casos declarados de infeção pelo novo coronavírus.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África ultrapassou hoje as 800 com mais de 15 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia no continente.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.