O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, vai iniciar esta quinta-feira com o líder do Partido Popular (PP, direita), Pablo Casado, uma ronda de contactos com os representantes máximos dos partidos com assento parlamentar.
Sánchez apelou na semana passada a todos os partidos políticos a participar no diálogo que pretende promover para se chegar a um grande acordo económico e social para a reconstrução do país após a crise do novo coronavírus.
Na conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros de hoje, a porta-voz do executivo espanhol, María Jesús Montero, anunciou o início desta ronda de contactos que começa quinta-feira com o maior partido da oposição e termina sexta-feira com o mais pequeno dos que têm representação parlamentar.
O PP já fez saber que considera a forma como o seu líder foi convocado, através da imprensa, para esta conversa um novo "insulto" por parte do Governo, e avisou que a decisão sobre se Pablo Casado irá ao encontro será tomada quando o gabinete de Sánchez "telefonar" a informar sobre os temas a debater.
O presidente do PP manifestou a opinião durante o último fim de semana que a proposta do chefe do executivo de alcançar um grande pacto de Estado semelhante aos chamados Pactos de Moncloa esconde uma tentativa de encobrir a sua "incompetência" na gestão da crise do coronavírus.
Na sua opinião, os Pactos de Moncloa de Sánchez são os assinados em janeiro último com o líder do Podemos (extrema-esquerda coligada com o PSOE no Governo) e o da ERC (independentistas catalães) que permitiram a formação do atual Governo minoritário.
A porta-voz do executivo explicou que a intenção do Governo é que este diálogo seja posteriormente alargado aos agentes sociais e às comunidades autónomas.
"Todos aqueles que querem contribuir terão a oportunidade de o fazer", disse Montero, que acrescentou que o Governo espera que a sua "oferta sincera" seja respondida com "grande espírito e generosidade" por todos ao abordar este diálogo.
Os Pactos da Moncloa foram um compromisso assinado no palácio com o mesmo nome, que é a sede do Governo espanhol, durante a transição democrática espanhola, em 25 de outubro de 1977, e que teve o apoio de partidos, associações empresariais e sindicais, com o objetivo de procurar estabilizar o processo de transição para o sistema democrático.
Apesar de criticar duramente o Governo socialista pela forma como tem conduzido o processo de luta contra a covid-19, o PP tem dado o seu apoio ao prolongamento do “estado de emergência” em vigor desde 15 de março, ao contrário do Vox (extrema-direita), o terceiro maior partido representado no parlamento, que não apoiou a continuação desse período de exceção.
Espanha é um dos países mais atingidos pela crise provocada pelo novo coronavírus, tendo registado, nas últimas 24 horas, 567 mortes, havendo até agora um total de 18.056 óbitos, segundo as autoridades sanitárias.
De acordo com o Ministério da Saúde espanhol, há 3.045 novos infetados, sendo agora o total de pessoas que contraíram a doença de 172.541.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.