Os partidos da oposição nos Açores mostraram-se hoje favoráveis a um esforço comum político na luta contra a pandemia de covid-19, mas sublinharam também que não abandonam o papel de escrutinadores da ação do executivo socialista.
A Comissão Permanente da Assembleia Legislativa dos Açores reuniu-se hoje, por videoconferência, e ouviu o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, a propósito da ação política do executivo no combate à covid-19.
O PSD, maior partido da oposição, começou a reunião a dizer que, "neste momento de crise, está na mesma batalha" que o Governo dos Açores, do PS.
Contudo, assinalou o líder parlamentar social-democrata, Luís Maurício, a "colaboração institucional não impede que o PSD esteja atento" ao modo como o executivo tem combatido o problema, e não trava uma ação "pró-ativa" do partido, com apresentação de propostas em várias frentes e pedindo para a região uma "concertação estratégica" entre os partidos, o Governo dos Açores e os parceiros sociais.
À direita, o líder do CDS na região, Artur Lima, concedeu o "maior elogio e reconhecimento" ao "grande povo açoriano", e pediu que as medidas implementadas pelo Governo dos Açores não fossem "partidarizadas" pelo PS.
"A oposição tem dado a sua colaboração. Seria de bom tom não partidarizar em demasia a boa atuação do Governo [Regional], e em particular do senhor presidente. A pandemia não suspendeu a democracia", acrescentou ainda, definindo como muito útil a audição de Vasco Cordeiro e dos demais secretários do executivo, que foram escutados ao longo dos últimos dias em sede de comissão.
Paulo Estêvão, deputado único do PPM, diz que a posição do seu partido e do CDS de quererem ouvir os membros do Governo dos Açores "mostrou-se perfeitamente adequada".
"Foi muito importante ouvir os diversos membros do Governo para poder aprofundar questões sectoriais", acrescentou ainda o parlamentar.
À esquerda, o PS, que tem maioria absoluta no hemiciclo açoriano, diz que "esta é uma altura de confiança, de solidariedade", mas tal "não significa uma diminuição de escrutínio".
"A atual situação deve ter o efeito oposto, de reforçar a transparência e assumir responsabilidades perante o povo açoriano", prosseguiu o líder da bancada socialista, Francisco César, que elogiou as "medidas certas" tomadas pelo Governo dos Açores, nomeadamente restringir a atividade económica e o acesso exterior à região.
Já o Bloco de Esquerda declarou "inteira disponibilidade" para apoiar o executivo açoriano no "repensar e avaliar das medidas para o pós-crise", respondendo assim ao repto lançado por Vasco Cordeiro.
"Estaremos do lado das medidas que sirvam para manter o tecido económico e social" da região e garantir que as famílias não percam rendimentos, prosseguiu António Lima, líder do Bloco nos Açores.
O PCP, pelo deputado único João Paulo Corvelo, pediu particular atenção do Governo dos Açores para as seis ilhas da região que não têm hospital, e reconheceu um "conjunto de dificuldades muito grande" para os próximos tempos.
"A nossa obrigação é que, através destes debates, consigamos responder aos açorianos. (...) Precisamos de responder às famílias, às empresas que estão a lutar. É essencial coerência e uniformidade nas respostas governativas", afirmou o parlamentar.
Até hoje, já foram detetados nos Açores um total de 100 casos, verificando-se oito recuperados, quatro óbitos e 88 casos ativos para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19.
Na distribuição dos casos de infeção por ilha, 58 registam-se em São Miguel, sete na Terceira, quatro na Graciosa, sete em São Jorge, 10 no Pico e cinco no Faial.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).