A Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE) alertou hoje para as dificuldades no escoamento do leite e lamentou que a indústria tenha baixado o preço de 1,25 euros para 80 cêntimos por litro.
“Estamos preocupados com a situação dos pastores. Um rebanho com 100 ovelhas dá mil euros de prejuízos por mês”, disse à agência Lusa o presidente da associação, Manuel Marques, a propósito da crise que afeta o setor devido à pandemia da covid-19.
Os associados da ANCOSE, com sede no concelho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, “enfrentam problemas no escoamento do leite” para as queijarias com denominação de origem protegida (DOP), mas também para as fábricas que produzem queijo não certificado, embora estas continuem a importar leite de Espanha.
Manuel Marques disse ter conhecimento de “apenas uma empresa” que produz queijo DOP Serra da Estrela, em Mangualde, distrito de Viseu, que manteve o preço do leite.
“Não há saída para o leite de ovelha”, acentuou o dirigente, explicando que a ANCOSE, a pedido dos pastores, tem vindo a "congelar muito leite” nas suas instalações, em cujas câmaras frigoríficas está acumular igualmente queijo que os criadores “não conseguem vender” na atual conjuntura.
Entretanto, a sede da ANCOSE, na Bobadela, foi reaberta ao público, após ter sido encerrada durante três semanas, permitindo “reorganizar os serviços e criar condições de segurança” para dirigentes, trabalhadores e sócios, face à atual pandemia.
O presidente da associação distinguiu a atual situação dos criadores de ovelhas da Serra da Estrela da crise desencadeada pelos grandes incêndios de 15 e 16 de outubro de 2017, que atingiram cerca de 30 municípios do Centro de Portugal, incluindo concelhos da região demarcada do queijo DOP Serra da Estrela.
“Nessa tragédia, conseguimos ajudar-nos uns aos outros. Mas agora não. É uma crise em todo o país, com toda a gente a sofrer”, sublinhou Manuel Marques.
Em Portugal, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos por covid-19, mais 31 do que no domingo (+6,2%), e 16.934 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 349 (+2,1%).
Dos infetados, 1.187 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 277 doentes que já recuperaram.