Os Açores vão passar a fazer análises ao novo coronavírus a todos os doentes oncológicos, antes de iniciarem tratamento, e a todos os utentes internados no hospital de Ponta Delgada, revelou hoje a Autoridade de Saúde Regional.
“Aquilo que conversámos com o Hospital do Divino Espírito Santo [em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel] é que tudo o que fossem novas admissões e altas fossem devidamente testados para infeção pelo novo coronavírus”, afirmou o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto na região, feito em Angra do Heroísmo.
Hoje, a Direção Regional da Saúde emitiu também uma circular que prevê que os doentes oncológicos “antes do início de alguns dos tratamentos” façam um teste de diagnóstico para infeção pelo novo coronavírus.
Uma das cadeias de transmissão local detetadas na ilha de São Miguel, no concelho da Povoação, afetou dois profissionais de saúde que infetaram colegas e utentes do Hospital do Divino Espírito Santo.
Entre esses doentes estava uma utente do lar da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste, que, entretanto, morreu, o que originou também um foco de infeção na estrutura residencial.
Nas duas instituições existem 17 profissionais de saúde infetados e cerca de 200 do hospital de Ponta Delgada estão em quarentena.
A Autoridade de Saúde Regional já tinha determinado a realização de testes à covid-19 em todos os novos utentes admitidos nos lares de idosos e nas unidades de cuidados continuados, bem como nas situações em que os utentes dessas instituições estivessem mais de 24 horas numa unidade de saúde.
A medida alarga-se agora a todos os utentes admitidos no hospital de Ponta Delgada, tendo em conta o foco de infeção detetado na unidade.
“São feitos testes a essas novas admissões e a altas, independentemente, de serem transferidos para unidades de cuidados continuados, para estruturas residenciais para idosos ou mesmo para o contexto domiciliário”, revelou Tiago Lopes.
Nas restantes ilhas, isso não será feito, por enquanto, mas o responsável da Autoridade de Saúde Regional admite essa possibilidade no futuro.
“No caso das outras ilhas, atendendo a que já passámos uma série de semanas sem casos registados de infeção, nem um número significativo de casos suspeitos, nada aponta para implementarmos estas medidas de exceção, como estamos a implementar na ilha de São Miguel”, explicou.
Os Açores detetaram já 100 casos positivos de covid-19, 88 dos quais mantêm-se ativos, tendo em conta que ocorreram quatro óbitos e oito recuperações.
São Miguel é a ilha com mais casos ativos (55), seguindo-se Pico (10), Terceira (sete), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (quatro).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos, mais 31 do que no domingo (+6,2%), e 16.934 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 349 (+2,1%).