Os resultados dos testes à covid-19 entre os mais de 200 trabalhadores de um hotel da ilha cabo-verdiana da Boa Vista que contabiliza cinco casos da doença só serão conhecidos em três dias, foi hoje anunciado.
“Dentro de três dias teremos os resultados dos testes. Espero que deem resultado negativo, para nos tranquilizar a todos”, afirmou hoje, na cidade da Praia, o Diretor Nacional de Saúde de Cabo Verde, Artur Correia, durante a conferência de imprensa diária sobre a pandemia de covid-19 no arquipélago.
Esta posição surgiu horas depois de terem sido confirmados mais dois casos da doença entre pessoas ligadas ao hotel Riu Karamboa. Ambos os doentes cabo-verdianos - um homem de 33 anos e uma mulher de 24 anos - estiveram de quarentena no hotel, tal como os cerca de 200 trabalhadores ao longo de 25 dias, mas desde que começaram a apresentar sintomas, entre 07 e 08 de abril, foram colocados em isolamento, no centro de Saúde da Boa Vista.
Todas as amostras de casos suspeitos de covid-19 no país estão a ser analisadas no Laboratório de Virologia, instalado em março no Instituto Nacional de Saúde Pública de Cabo Verde, na cidade da Praia, que até sexta-feira tinha feito apenas cerca de uma centena de análises.
Entretanto, mais de 200 funcionários daquele hotel, que estavam em quarentena desde 19 de março, quando foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no seu interior – que foi também o primeiro caso em Cabo Verde, um turista inglês de 62 anos que acabou por morrer -, saíram no domingo daquela unidade hoteleira.
“Libertamos as pessoas para uma quarentena domiciliar e agora o nosso foco é redobrar o seguimento dessas pessoas”, afirmou Artur Correia, garantindo que a ilha da Boa Vista, por concentrar a maior parte – seis no total e cinco só naquele hotel – dos 10 casos de covid-19 em Cabo Verde, continuará a ter uma “atenção redobrada” das autoridades de saúde, sendo considerada de “alto risco”.
“Espero que não venha a acontecer esse cenário, mas estamos a preparar-nos e a continuar essa vigilância ativa, não só nos serviços como também a nível comunitário”, afirmou ainda Artur Correia, questionado pelos jornalistas sobre eventuais novos casos de covid-19 entre os mais de 200 trabalhadores do hotel, que agora cumprem quarentena em casa.
Também presente na conferência de imprensa, o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, afirmou que todos os trabalhadores estão a ser “acompanhados pelas autoridades de saúde” da Boa Vista, tendo apelado ao cumprimento escrupuloso da quarentena domiciliária imposta.
Além dos cinco casos que tiveram origem naquele hotel - dois cidadãos ingleses e três cabo-verdianos -, a Boa Vista contabilizou ainda o caso positivo de covid-19 numa turista dos Países Baixos. Há casos confirmados de covid-19 ainda na Praia, ilha de Santiago (três pessoas da mesma família) e no Mindelo, ilha de São Vicente (uma cidadã de nacionalidade chinesa).
Cabo Verde cumpriu hoje 16 dias, de 20 previstos, de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas e para o exterior suspensas.
O atual período termina ao final do dia 17 de abril, mas o Presidente da República – que declara o estado de emergência após autorização do parlamento – disse hoje que só na “quinta ou sexta-feira” tomará uma decisão sobre a eventual prorrogação.
A informação foi prestada aos jornalistas pelo chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca, depois de uma reunião de consulta, sobre o atual estado de emergência, com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, com o presidente do parlamento, Jorge Santos, membros do Governo e autoridades de saúde.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 400 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em África, há registo de 793 mortos num universo de mais de 14 mil casos em 52 países.