A Academia de Ciências que aconselha o Governo da Alemanha na gestão da pandemia ligada ao novo coronavírus recomendou hoje um regresso por etapas à normalidade, a começar pela reabertura das escolas do ensino básico “assim que possível”.
Beneficiando de uma situação menos grave que outros países europeus, nomeadamente com uma taxa mais baixa de mortalidade associada à covid-19, a Alemanha começa a preparar o alívio das restrições impostas para conter a propagação do vírus, como admitiu no domingo o ministro da Saúde, Jens Spahn.
As recomendações publicadas hoje pela Academia Nacional de Ciências Leopoldina, que vão servir de base à reunião prevista para quarta-feira entre a chanceler, Angela Merkel, e os presidentes dos 16 estados regionais, propõem um regresso “por etapas à normalidade” se o número de novas infeções “estabilizar num nível baixo” e se “as medidas de higiene forem mantidas”.
No documento, a Academia, que congrega especialistas das chamas ciências exatas, mas também das ciências sociais, recomenda a reabertura “assim que possível” dos estabelecimentos escolares, encerrados desde 16 de março, começando pelas escolas do ensino básico.
Para assegurar o distanciamento, os peritos recomendam que as aulas presenciais se concentrem em disciplinas nucleares, como a Matemática e a língua materna, e limitadas a 15 alunos por sala.
Apontando que as potencialidades do ensino à distância são mais bem exploradas pelos alunos mais velhos, os peritos recomendam que o regresso às aulas nos níveis superiores de ensino sejam deixados para mais tarde.
Por outro lado, o funcionamento das creches “deve ser retomado de forma muito limitada”, dada a dificuldade de impor regras de distanciamento a crianças pequenas.
Restaurantes e lojas poderão também reabrir portas, na condição de observarem rigorosamente medidas como a lavagem regular das mãos e o distanciamento social.
Qualquer alívio de restrições, frisou o presidente da Academia, Gerald Haug, implica a obrigatoriedade do uso de máscara nos transportes públicos, supermercados e escritórios.
“Devemos, a todo o custo, evitar uma segunda vaga de infeções”, disse.
O relatório preconiza ainda a retoma “pouco a pouco” das manifestações culturais e desportivas.
A Alemanha decretou as medidas de confinamento a 16 de março para vigorarem até 19 de abril, período que pode ser renovado.
Os últimos números oficiais, publicados hoje pelo Instituto Nacional de Saúde Robert Koch, mostram uma melhoria da situação, com o número diário de novas infeções a cair para 2.537 e o número de pessoas consideradas curadas a ultrapassar o número de novos casos.
No total, até hoje, a Alemanha registou 123.015 casos e 2.799 mortes.
O ministro da Saúde, Jens Spahn, manifestou no domingo otimismo em relação aos números e admitiu a possibilidade de, pouco a pouco, depois da pausa da Páscoa que termina esta terça-feira, as medidas de restrição serem aliviadas.
Mas, segundo uma sondagem divulgada hoje pelo instituto YouGov, a maioria dos alemães está contra um levantamento, ainda que parcial, das medidas.
No estudo, 44% dos inquiridos mostraram-se favoráveis à extensão das medidas além do dia 19 de abril, 12% defendem que elas devem ser reforçadas e apenas 32% concordam com um relaxamento das restrições.