Agentes culturais de Coimbra estão focados na reprogramação dos eventos que foram adiados devido à pandemia da covid-19, procurando ao mesmo tempo assegurar compromissos financeiros com elementos externos às estruturas.
Vários agentes culturais de Coimbra contactados pela agência Lusa não tiveram que recorrer a ‘lay-off’ ou despedimentos, ao mesmo tempo que procuram assegurar pagamentos a colaboradores externos.
Apesar de a Oficina Municipal do Teatro estar fechada, a atividade d'O Teatrão não cessou, com a equipa a trabalhar na reprogramação da atividade que estava prevista e no processo de criação da dramaturgia de uma peça, afirmou à agência Lusa a diretora da companhia de teatro, Isabel Craveiro.
"Nós continuamos a pagar às pessoas o que estava programado e a honrar os compromissos que tinham sido feitos. Com o reagendamento de algum trabalho estamos a tentar que as coisas não sejam perdidas e que isso não implique uma falta nos compromissos que foram feitos", disse.
Contando com o apoio do município de Coimbra e da Direção-Geral das Artes (DGArtes), a companhia "estará melhor que muitas outras estruturas nacionais", notou Isabel Craveiro.
Também na Escola da Noite, outra companhia profissional de Coimbra com apoio plurianual da DGArtes, não houve qualquer alteração nos ordenados dos trabalhadores, estando a trabalhar a partir de casa, contou Pedro Rodrigues, membro da direção.
"Estamos na fase inicial de preparação de dois espetáculos que contam com colaboradores externos, mas, nesta fase, as pessoas estão à distância a trabalhar e continuamos a pagar o que estava acordado", referiu, admitindo, no entanto, que, "em condições normais", a companhia já estaria em ensaios.
Uma das preocupações na companhia que gere o Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB) é tentar reprogramar as atividades que estavam previstas.
"Vai haver uma pressão muito grande no segundo semestre e será impossível encaixar tudo", constatou Pedro Rodrigues.
Também no Salão Brazil, sala de concertos programada pelo Jazz ao Centro Clube (JACC), não houve qualquer despedimento, estando a equipa a trabalhar em casa "na preparação das iniciativas pensadas para o segundo semestre", contou o responsável do JACC, José Miguel Pereira.
"O maior impacto teve que ver com a atividade no Salão Brazil. A expectativa é retomar a programação o mais breve possível e tentar negociar com os músicos a remarcação das datas adiadas, que deverá acontecer em 90% dos casos, salvo situações de ‘tours' internacionais", explicou.
No Museu Nacional Machado de Castro (MNMC), o foco também passa pela tentativa de reprogramação das atividades previstas para o resto do ano, com a grande maioria dos funcionários em situação de teletrabalho, disse à Lusa a diretora do museu, Ana Alcoforado.
"Temos que repensar o regresso para ver o que é viável até ao final do ano", acrescentou, referindo que os únicos trabalhadores externos ao museu - serviço de segurança e limpeza - mantêm-se e continuam a fazer o seu trabalho.
Entretanto, para ajudar na produção de material de proteção, seis pessoas do museu estão a fazer cogulas e botas para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, numa forma de apoiar o combate à pandemia, avançou.