A Câmara de Chaves pediu que a informação estatística local sobre a pandemia da covid-19 regresse “já hoje”, após a ministra da Saúde ter negado qualquer “proibição de partilha de informação” a nível local ou regional.
“A melhor forma para contrastar a proibição dos boletins epidemiológicos é estes regressarem com normalidade já hoje ou amanhã no máximo”, adiantou à Lusa o autarca de Chaves, do distrito de Vila Real, Nuno Vaz.
A Unidade de Saúde Pública (USP) do Alto Tâmega e Barroso não divulgou na sexta-feira o boletim epidemiológico diário após 29 dias consecutivos a fazê-lo, onde assinalava a evolução diária dos casos positivos ou suspeitos de covid-19, acrescentou.
Na sexta-feira, as câmaras de Boticas, Valpaços e Chaves manifestaram através das redes sociais o seu desagrado pela não divulgação do boletim epidemiológico para a covid-19 por parte da USP do Alto Tâmega e Barroso.
A ministra da Saúde negou hoje qualquer “proibição de partilha de informação” a nível local ou regional, depois de várias autarquias terem denunciado na sexta-feira orientações às autoridades regionais para não divulgarem informação estatística local.
“Quero esclarecer inequivocamente que não há qualquer proibição de partilha de informação. Há, sim, um apelo claro a todas as entidades que integram o Ministério da Saúde, em especial as autoridades locais e regionais de saúde, [para que] se concentram no envio de informação atempada e consistente para o nível nacional. Boletins parcelares podem ser causadores de análises fragmentadas. Acresce, pela dimensão de alguns dados, a possibilidade de violação do segredo estatístico”, disse Marta Temido, na conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde.
Para Nuno Vaz, as autarquias e autoridades locais que têm mantido uma postura responsável e adequada na divulgação de informações epidemiológicas não devem ser prejudicadas.
“Se havia municípios que divulgavam informação pouco rigorosa, o que deviam fazer era sinalizar e corrigir esses locais”, vincou.
O autarca de Chaves considera ainda que “apenas com a população informada há garantia que as medidas tomadas as nível local possam ter sucesso”.
“Esta decisão deve ser rapidamente invertida. Vamos manifestar essa intenção junto da tutela, pela necessidade de essa informação existir nos municípios, não só para as próprias comissões de proteção civil, mas também para difundir pela comunidade, para esta estar informada”, realçou.
Circula ainda na região do Alto Tâmega, que junta os municípios de Chaves, Montalegre, Boticas, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena, uma petição pública para a retoma da informação estatística local sobre a pandemia da covid-19 por parte das autoridades regionais.
“Os residentes e instituições localizadas nesta região pretendem a revogação da proibição da publicação do Boletim Epidemiológico do Alto Tâmega como forma de oposição à restrição do direito à informação pública”, pode ler-se na petição pública ‘online’ que às 16:30 de hoje tinha perto de 1.500 assinaturas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 103 mil mortos e infetou mais de 1,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 470 mortos, mais 35 do que na sexta-feira (+8%), e 15.987 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 515 em relação a sexta-feira (+3,3%).
Dos infetados, 1.175 estão internados, 233 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 266 doentes que já recuperaram.