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Alunos de Medicina do Instituto Abel Salazar aprendem Suporte Básico de Vida

LUSA
31-10-2019 10:18h

Cerca de 200 alunos de Medicina do Instituto de Ciências Abel Salazar (ICBAS), no Porto, vão ter aulas de Suporte Básico de Vida (SBV) até ao final do ano, uma formação complementar que consideram ser “atrativa" e "importante”.

Esta iniciativa de formação teve início em setembro e envolve 188 alunos de Medicina, resultando de um protocolo assinado entre o ICBAS e o Conselho Português de Ressuscitação (CPR), “entidade responsável em Portugal pela certificação de formação em reanimação de acordo com os padrões

técnico-pedagógicos definidos a nível europeu”.

Cada curso abrange 18 formandos, distribuídos por três grupos de seis estudantes, e decorre entre as 8:30 entre as 13:30, dispondo os alunos de suporte digital e técnico para a aprendizagem.

Maria Benedita Carvalho e Nuno Soares, ambos com 18 anos, foram dois dos formandos que concluíram hoje a sua formação em SBV tendo testemunhado à Lusa as mais-valias do projeto.

“Este curso é muito importante pelo contacto que nos dá com a parte prática, tornando-nos aptos para reagir a uma situação de urgência que podemos encontrar no nosso dia-a-dia”, disse a estudante, dando conta de “ter tido um primeiro contacto teórico com esta realidade” no 9.º ano de escolaridade.

Para Nuno Soares, dizer que no curso aprende-se “apenas o essencial é um pouco redutor porque também se aprendem situações específicas e, mesmo parecendo pouco tempo por ser dado numa manhã, aproveita-se muito bem o tempo”.

Classificando a aprendizagem de “enriquecedora porque pode salvar vidas”, o aluno que quer ser pediatra destacou a importância do curso, pois “quanto mais se souber melhor”, admitindo que a vida possa vir a fazer dele “cirurgião ou um socorrista paramédico”.

Maria Benedita Carvalho admitiu estar no seu horizonte profissional “trabalhar também no estrangeiro” e por isso considerou atrativa a formação por ter certificação europeia, o que permite a quem a detém intervir em qualquer parte do mundo.

No curso, para além do SBV com Desfibrilhador Automático Externo, os estudantes “têm treino da Posição Lateral de Segurança e aprendem a lidar com as situações de obstrução da via aérea por um corpo estranho”, acrescentou a coordenadora do curso, Carla Teixeira.

A presidente do CPR, Adelina Pereira, explicou à Lusa que ter a certificação europeia “dá reconhecimento à mais-valia do projeto”, vincando, contudo, ser “muito mais que uma certificação”.

“Tem o valor da cidadania, pois alertamos as pessoas que são o primeiro elo da cadeia de sobrevivência para o SBV, pois se ele não for conhecido nem aplicado não adianta ter unidades de cuidados intensivos topo de gama, porque as pessoas não conseguem chegar lá”, sublinhou.

Sobre a possibilidade de a escola ter em 2020 os primeiros formadores saídos deste curso no ativo, o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne de Carvalho, considerou-o “um horizonte exequível”.

“O curso surge da perceção de que era fundamental a formação não só dos nossos estudantes, em SBV e em Desfibrilhação Automática Externa, como (…) dos funcionários docentes e não docentes, para além daqueles ligados ao Mestrado Integrado de Medicina e que estão em ambiente hospitalar, sem formação em SBV”, explicou à Lusa o responsável.

Da parceria com o CPR, acrescentou Henrique Cyrne de Carvalho, surgiu “a ideia de não apenas formar os elementos do ICBAS deficitários nesse tipo de formação, mas também a constituição de uma escola (…), fornecendo competências a todos os que o pretendessem na Universidade do Porto e do ensino secundário”.

“Não vamos ficar satisfeitos por fazer a formação em SBV e a Desfibrilhação Automática Externa, pois temos muitas competências estabelecidas, pela nossa associação ao hospital nuclear e afiliados. Teremos condições para voar mais largo e com os nossos formadores e o apoio do CPR isso será possível”, sustentou Henrique Cyrne de Carvalho.

Entre o pessoal docente, o diretor estima que metade dos cerca de 300 já tenha a formação, mas depois há “outros tantos” de pessoal não docente a precisar dela.

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