A vacina que protege contra o serotipo 'w' da meningite, que está esgotada nas farmácias, apenas é recomendada pelas autoridades de saúde a quem viaja para a Arábia Saudita e algumas zonas de África, esclareceu quarta-feira a diretora-geral da Saúde.
Em declarações aos jornalistas, Graça Freitas deixou uma mensagem de "tranquilidade para os portugueses", sublinhando que a situação dos casos de meningite está sempre a ser acompanhada e que não há qualquer rotura no fornecimento da vacina que protege do serotipo 'w' da meningite, que não faz parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV), mas apenas uma interrupção de fornecimento, que será reposto em breve.
Questionada pela Lusa, Graça Freitas explicou que a agressividade do serotipo 'w' é idêntica ao do serotipo 'c', para o qual existe uma vacina no PNV.
“O comportamento deste serótipo, tanto em gravidade como letalidade, é muito semelhante ao do serótipo 'c'”, disse Graça Freitas, sublinhando que dos cinco casos registados do serótipo 'w' em 2018, quatro deles foram em adultos.
A responsável sublinhou que a Direção-Geral da Saúde, o Infarmed e o INSA - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge estão “constantemente a monitorizar a doença” e que "tudo é analisado e decidido em função do peso que tem no nosso país".
“As armas terapêuticas, como os antibióticos e as vacinas, são para usar com muita parcimónia”, alertou Graça Freitas, quando questionada sobre o facto de alguns pediatras estarem a recomendar a vacina que protege contra quatro serótipos (ACYW).
Em relação a esta vacina, que o Infarmed espera ter novamente disponível já a partir de segunda-feira, Graça Freitas disse que, "apesar de ser boa, no que se refere ao serótipo 'c' tem metade dos antígenos que existem na vacina para o serótipo 'c' isolada”, que faz parte do PNV.
“À DGS compete estudar todas as vantagens. Mas queremos deixar uma mensagem de tranquilidade”, afirmou a responsável, sublinhando que as autoridades tomarão sempre “as medidas que forem as melhores para proteger a saúde pública”.
Nas declarações aos jornalistas, Graça Freitas esteve acompanhada pelos responsáveis do Infarmed, Rui Ivo, e do INSA, Fernando Almeida.
A informação sobre a falta da vacina ACWY nas farmácias foi hoje avançada pelo Jornal de Notícias, que escreve que o aumento dos casos de meningite 'w' fez com que os pediatras começassem a aconselhar aos pais a vacinarem os filhos com a vacina conjugada ACWY, que não está incluída no PNV e custa 50 euros.
A Autoridade do Medicamento e Produtos de Saúde reconhece que este ano observou “um aumento da procura da vacina Nimenrix na sequência de um aumento do número de casos de doença meningocócica infantil, que praticamente duplicou o seu consumo face ao ano anterior”.
Numa resposta enviada à Lusa, disse também que conseguiu inicialmente reforçar o abastecimento, “cuja distribuição rapidamente se escoou no prazo de uma semana, causando nova situação de previsão de rutura”.
“Esta situação está de momento a afetar todos os países onde a vacina se encontra comercializada, não obstante, está a ser emitida pelo Infarmed uma Autorização de Utilização Excecional (QUE) para a vacina, que virá excecionalmente da Holanda, o único país onde foi ainda possível adquiri-la”, acrescentou.