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Covid-19: Comerciantes de Gaia dizem que “já chega de martirizar comércio de proximidade”

09-04-2020 19:40h

A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Vila Nova de Gaia (ACIGAIA) considerou hoje, numa carta aberta ao Governo, que "já chega de martirizar o comércio de proximidade", criticando medidas impostas devido à pandemia covid-19.

"Tal como na União Europeia, onde se defende os países mais ricos, fazendo tudo para que enriqueçam ainda mais, também em Portugal o Governo defende os mais abastados proporcionando-lhes tudo para que enriqueçam ainda mais", refere a ACIGAIA.

Numa carta em que descreve que tem recebido relatos de associados "desesperados" que manifestam "desagrado pelo descalabro que está a acontecer no ramo das suas atividades", a associação de Vila Nova de Gaia refere que "com a desculpa da covid-19 (..) o Governo decide que os grossistas possam também vender a particulares".

"Descalabro total", diz frisando de novo o "desespero daqueles que têm a sua sobrevivência nos pequenos estabelecimentos tais como mercearias, minimercados, pomares e talhos".

A associação apela ao executivo de António Costa para que não encerre os estabelecimentos, acusando a tutela de estar a criar "condições para que fechem as suas portas e despeçam seus empregados".

"Isto só pode acontecer porque os responsáveis que nos governam não têm o mínimo de sensibilidade para a área que superintendem e estão simplesmente se borrifando para as dificuldades que os pequenos comerciantes enfrentam no dia-a-dia. É urgente - ontem já era tarde - que se normalize a situação. Se o propósito for acabar com todos eles, então continuem, pois estão no bom caminho", sublinha a ACIGAIA.

Esta é a segunda carta aberta publicada por esta associação de Gaia, distrito do Porto, num espaço inferior a um mês.

A 23 de março, a ACIGAIA pediu ao Governo que as pequenas empresas fiquem isentas do pagamento de água e eletricidade e seja suspenso o IVA.

"A ACIGAIA não pode ficar indiferente à situação de crise social e económica atual causada pela covid-19. Neste momento particularmente difícil que o país atravessa, as empresas têm sido fortemente penalizadas, prevendo-se um maior agravamento num futuro próximo com a redução progressiva da atividade económica", lia-se na introdução da carta datada de março.

Assim, a associação de Vila Nova de Gaia pedia à tutela, que "num período nunca inferior a três meses" considere isentar da Taxa Social Única (TSU) das micro e pequenas empresas.

A isenção do pagamento de água e restantes taxas, bem como da eletricidade, e o pedido de suspensão do pagamento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) do primeiro trimestre até final de junho deste ano eram outras das reivindicações.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.

Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 409 mortes, mais 29 do que na véspera (+7,6%), e 13.956 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 815 em relação a quarta-feira (+6,2%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado no dia 02 de abril na Assembleia da República.

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