O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, esclareceu hoje que o inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) sobre a ala pediátrica deste hospital é referente às doações para o projeto ‘Joãozinho’.
“O processo referido nas notícias que circulam sobre o inquérito do DIAP do Porto à construção da ala pediátrica do Hospital de São João é referente, de acordo com o conhecimento existente, às doações para o projeto do ‘Joãozinho’ e à sua utilização, ou seja, relativamente a factos ocorridos antes de 2017”, esclarece o CHUSJ, em nota remetida à agência Lusa.
Questionado pela Lusa, o presidente da Associação O Joãozinho, Pedro Arroja, garantiu que ela “nunca” foi contactada pelo DIAP e, portanto, desconhece qualquer investigação.
“Nunca fomos contactados pelo DIAP. Mas estamos inteiramente disponíveis”, referiu.
Também o CHUSJ acrescenta, na nota escrita, que este centro hospitalar tem atuado de forma “pró-ativa” neste processo.
“Neste âmbito, o CHUSJ tem remetido de forma pró-ativa toda a informação às autoridades e está a colaborar de forma transparente e empenhada”, conclui.
O DIAP do Porto abriu um inquérito à construção da ala pediátrica do hospital de São João, estando o mesmo em segredo de justiça, conforme adiantou hoje à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Encontra-se [construção da ala pediátrica] em investigação no DIAP do Porto, não tem arguidos constituídos e está em segredo de justiça”, indicou a PGR, sem especificar a que parte do processo de construção visa a investigação em curso.
Em causa está um processo antigo que culmina numa empreitada que arrancou a 01 de outubro com a instalação do estaleiro e deverá estar concluída em 18 meses.
Inicialmente o projeto, vulgarmente conhecido como ‘Joãozinho’, foi lançado com fundos e donativos.
A ala pediátrica, que ficará integrada no edifício principal, terá cinco pisos e mais dois subterrâneos e capacidade para 98 camas.
O novo espaço acolherá várias especialidades, incluindo a pediatria, neonatologia, medicina intensiva pediátrica, oncologia pediátrica, cardiologia pediátrica, cirurgia pediátrica e a primeira unidade de queimados pediátricos do Norte.
Em 30 de agosto, a ministra da Saúde, Marta Temido, congratulava-se no Porto com o cumprimento do calendário estabelecido em outubro de 2018 para a construção da ala pediátrica, empreitada orçada em cerca de 25 milhões de euros que deverá ficar concluída em 2021.
A governante falava na assinatura do contrato para a construção da obra, entre o CHUSJ e a Casais – Engenharia e construção, selecionada de um conjunto de 14 empresas convidadas.
Dada a urgência da construção da ala pediátrica, a Lei do Orçamento do Estado para 2019 autoriza o CHUSJ a recorrer ao procedimento de ajuste direto na contratação da empreitada.
Há 10 anos que o hospital tem um projeto para construir uma ala pediátrica, mas desde então o serviço era prestado em contentores.
No início de julho, o CHUSJ anunciou o fim do internamento de crianças em 36 contentores e referiu que estas estruturas, provisórias há cerca de 10 anos, seriam desmontadas.