A Ordem dos Médicos Dentistas saúda o alargamento do cheque dentista a partir dos 2 anos de idade e espera que sejam abrangidas todas as crianças independentemente do tipo de estabelecimento de ensino que frequentem.
Em declarações à agência Lusa a propósito da medida contemplada no programa do Governo, o bastonário Orlando Monteiro da Silva considerou “extremamente positivo” que o Executivo alargue o cheque dentista a todas as crianças entre os 2 e os 6 anos.
O bastonário espera que o cheque dentista entre os 2 e os 6 anos não esteja condicionado à frequência de estabelecimentos de ensino públicos, como acontece atualmente com o cheque dentista atribuído a partir dos sete anos, que só abrange as crianças que frequentem escolas públicas.
“Espero que seja para todas as crianças. Faço a leitura de que a medida se destina finalmente a não discriminar crianças em função de frequentarem a pré-primária pública ou privada”, afirmou Orlando Monteiro da Silva.
Para o representante dos médicos dentistas, esta medida deve ser aproveitada para “reformular profundamente todo o programa” do cheque dentista, criando um grupo de trabalho para rever várias mudanças e atualização necessárias.
O bastonário fiz que é necessário mudar a forma de atribuição do cheque dentista, não só deixando de o atribuir apenas em papel como também tendo em atenção o momento em que a criança ou a família o recebe.
Segundo Monteiro da Silva, ainda há muitas crianças a receber o cheque com atraso, quase no final de cada ano letivo, o que muitas vezes compromete o tempo que as famílias têm para levar as crianças ao dentista, até porque os cheques têm validade.
A Ordem dos Dentistas pede ainda que o valor do cheque dentista volte a ser reposto, depois de no período da ‘troika’ ter sofrido um corte de 40 euros para 35 euros.
“Era um valor já relativamente simbólico face às intervenções que os dentistas têm muitas vezes de realizar, não só a crianças como a grávidas ou idosos com o complemento solidário. É tempo de repor o valor do corte que foi efetuado. Há um conjunto de situações, não só alargamento a partir dos dois anos, que necessitam de ser reformuladas para ter um programa de saúde oral melhor para a população e para os médicos dentistas”, defendeu.
Orlando Monteiro da Silva entende que a medida de alargar o cheque dentista a idades mais jovens vai permitir observar mais cedo as crianças e detetar mais precocemente cáries dentárias e torna mais eficaz o acompanhamento das crianças à medida que vão crescendo.
Segundo o programa de Governo entregue sábado na Assembleia da República, na próxima legislatura o executivo compromete-se a “alargar a cobertura do cheque dentista a todas as crianças entre os dois e os seis anos, de modo a permitir a observação e deteção precoce de problemas de saúde oral”.
Atualmente, os cheques dentista são atribuídos a crianças que frequentam as escolas públicas e só a partir da escolaridade básica, geralmente a partir dos 7 anos.
A partir do exemplo do cheque dentista, o Governo pretende ainda criar um “vale de pagamento de óculos a todas as crianças e jovens até aos 18 anos e pessoas com mais de 65 anos beneficiárias do rendimento social de inserção”, desde que a prescrição seja feita em consulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS).